São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995 |
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É lamentável Tanto a prefeitura como a Rede Globo ainda devem muitas explicações no lamentável episódio da 1ª Maratona de São Paulo. Se a Rede Globo de fato tem um documento da Federação Internacional de Atletismo (FIA) que lhe dá a exclusividade para organizar maratonas em São Paulo -o que a Federação Brasileira de Atletismo, representante da FIA no país, nega com veemência-, por que então o secretário municipal de Planejamento, Roberto Paulo Richter, se recusa a mostrar esse documento? Ou bem a Globo passou o conto-do-vigário na prefeitura, ou há muito mais a ser explicado. De resto, parece absurdo que um mero organismo esportivo internacional possa, contrariando a Constituição brasileira, impedir que outras emissoras transmitam eventos públicos que ocorrem em lugares públicos. Como ficam o direito à informação e a liberdade de ir e vir? Outro ponto que parece absurdo é a pretensão da Globo de requerer junto ao Inpi o direito de explorar com exclusividade a ``marca" maratona de São Paulo. Maratona é o nome de uma planície grega a cerca de 40 km de Atenas na qual o general grego Miltíades, em setembro de 490 a.C., infligiu pesada derrota aos persas. Segundo a lenda, o soldado Fidípides foi correndo para Atenas para anunciar a boa nova. Em 1896, quando da realização dos Primeiros Jogos Olímpicos Modernos, decidiu-se batizar a corrida de longa distância com o nome maratona, palavra que consta dos bons dicionários de português com o sentido de ``corrida de longa distância". Qualquer coisa com quase 2.500 anos de idade já é de domínio público, como é óbvio, ou então os descendentes de Platão -quem são eles?- poderiam estar cobrando direitos autorais de suas obras até hoje. De resto, palavra não é marca. Ou alguém poderá ter um dia a brilhante idéia de ``patentear" o artigo ``a" e cobrar ``royalties" de todos aqueles que o utilizarem. Os indícios de que tudo não passou de uma grotesca e cara campanha publicitária veiculada como notícia são tantos que a prefeitura e a Globo estão devendo ao público muitas explicações. Texto Anterior: Simpsonmania? Próximo Texto: A santa no fogo cruzado Índice |
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