São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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salto cinematográfico

HELOISA HELVECIA

Para armar a mãe do "maluquinho", Patrícia fez pesquisa em casa. "Pensei numa mãe compreensiva, que sabe dar limites e liberdade."
A mãe da estrela, Lucy Gadelha Pillar, é PhD em limites: "O que tem de boazinha hoje, tinha de chata. Era buliçosa, arteira. Vivia no hospital, por causa de queda e corte."
Quando pequena, Patrícia fazia "desfile de bonecas" e "lia demais", lembra Lucy. Era "musical". Gil e Caetano frequentavam sua casa. Patrícia é prima de Dedé e Sandra.
Foi "uma delícia", para a atriz, "ajudar a mostrar", no cinema, "que a infância pode ser divertida, mesmo sem ser um mar de rosas".
A infância dela foi dividida entre Brasília, Vitória e Santos, além do Rio. Na volta ao Rio, 13 anos, não tinha construído nada. "Sentia falta de amigos, de referência."
Aos 14, entrou no curso de teatro Tablado. Ali, adolescente, achou "pessoas que conversavam os assuntos que eu queria conversar". Antes da carreira, descobriu sua turma.

Teatros
Um acerto, um erro. Entrou em uma escola de comunicação. "Alunos e professores fingiam que faziam alguma coisa." Trocou besteirol por teatro de verdade. Estudou com o ator Rubens Corrêa, o teatrólogo Aderbal Freire Filho, a bailarina Juliana Carneiro da Cunha. Atuou com o diretor Hamilton Vaz Pereira, a "grande escola". Foi da primeira turma da Casa de Artes de Laranjeiras.
Aos 17, já era independente. Posava para fotos, pagava seus cursos. Era e é assim. Vê seus limites, vai atrás do que quer saber, de quem lhe ensine. É ela quem faz o programa.

"Nenhuma maravilha"
"Em cada trabalho aprendo um lance", concede. "Sei que não sou nenhuma maravilha, mas o espaço que tenho está do meu tamanho".
Já teve mais espaço que tamanho. Na época, só diziam que estava "linda" no papel. "Eu era uma garota crua, bonitinha. Era duro para mim." Seus papéis esquecíveis: a novela "Roque Santeiro", o filme "Para Viver Um Grande Amor".
Patrícia fez a opção artística por praticidade. "O trabalho caminha junto com a vida. Ao mesmo tempo em que atuo, me conheço, tento compreender melhor a natureza humana. É sempre um desenvolvimento pessoal. Dá a sensação de não estar perdendo tempo na vida."
Também já perdeu a paciência para a perda de tempo em território amoroso. Ficou casada dez anos, está solteira há um. Fala agora em "viver um grande amor", fazer família.
Está tranquila -"não é caso de `procura-se desesperadamente'", brinca. Mas não tem vergonha de ditar: "Quero um homem que saiba amar, no sentido generoso; que se deixe enxergar; que seja forte, mas não só forte; que seja inteligente; e que me ensine alguma coisa".

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