São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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PMDB omitiu gasto de campanha à Justiça

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A campanha do PMDB ao governo de São Paulo realizou despesas ``por fora", sem registro na contabilidade entregue ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
Documentos obtidos pela Folha comprovam, pela primeira vez desde as eleições do ano passado, a utilização desse mecanismo ilegal para encobrir os gastos reais do PMDB.
O partido informou oficialmente ao TRE ter gasto apenas R$ 48,2 mil com pesquisas, mas somente para uma empresa dessa área, a Pop Pesquisa e Processamento de Dados, pagou R$ 83,5 mil e ficou devendo ainda R$ 69,1 mil.
O fato foi comunicado pela empresa ao TRE, que reconhece a irregularidade, mas afirma nada poder fazer sobre o assunto.
A legislação eleitoral não prevê nenhum tipo de punição em episódios como esse, a não ser que a reclamação seja feita imediatamente após a prestação de contas do partido -novembro do ano passado, no caso em questão.
O candidato do PMDB ao governo, Barros Munhoz, diz que não tem responsabilidade sobre a despesa. O partido, segundo ele, tinha um comitê financeiro responsável pelas contas.
Dirigentes do PMDB costumam enviar a cobrança de dívidas a Frederico Coelho Neto, o Lilico, irmão do ex-governador Fleury e tesoureiro informal da campanha de Barros Munhoz.
Em representação ao TRE, a empresa Pop chega a mencionar o fato de Lilico ser conhecido publicamente como um dos responsáveis pela tesouraria do partido em São Paulo.
Lilico, assim como Barros Munhoz, informa que cada partido tem o seu comitê financeiro responsável pela organização da arrecadação e despesas.
A Folha tentou ouvir, durante toda a semana passada, algum representante do chamado comitê financeiro -grupo formado por filiados do PMDB para atender uma exigência burocrática da legislação eleitoral.
Esse grupo, que tinha função apenas burocrática e não era responsável de fato pelo controle da arrecadação, se recusa a comentar sobre o assunto.
Em discurso feito no final do ano passado, na sua despedida como deputado na Assembléia Legislativa, Barros Munhoz já lançava suspeitas sobre a arrecadação e os gastos peemedebistas.
Ele disse, na ocasião, que a existência de débito poderia caracterizar ``desvio" de dinheiro.

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