São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Parmalat investe no mercado chinês

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A Parmalat se instalou na China, em associação com uma empresa local, e tornou-se neste ano a primeira empresa multinacional a comercializar leite pasteurizado em solo chinês.
Agora, enfrenta o desafio de estimular os chineses a aumentarem o consumo de leite, produto de pouca tradição no país.
A Parmalat comanda o processo de reforma das duas fábricas, antes administradas pelo parceiro chinês. Deslanchadas em junho passado, as mudanças já significaram eliminação de ratos do setor de estocagem e corte de funcionários.
Pela frente existem tarefas como modernização de uma frota que usa caminhões produzidos durante a Guerra da Coréia (1950-53).
Para desbravar uma fatia do extremo oriente, a Parmalat se associou à Tianjin Dairy, da cidade de Tianjin, com oito milhões de habitantes, no leste da China.
A joint venture (associação) entre a Parmalat e a empresa chinesa se concretizou em dezembro de 1994. O capital é de US$ 12 milhões, dos quais 70% são da Parmalat e 30% do parceiro chinês.
No acordo, a Parmalat exige controle total do gerenciamento das duas fábricas que formam a Parmalat-Tianjin Dairy.
``Precisamos colocar os nossos produtos no mesmo nível daqueles fabricados pela Parmalat em outros países", explica Fan Jer Lin, gerente-geral da joint venture.
O economista Fan Jer Lin nasceu em Pequim, mas vivia no Brasil desde 1970. Voltou à China em 1993, para realizar a primeira etapa do projeto chinês da Parmalat: encontrar um parceiro adequado.
A criação da joint venture não interrompeu a produção de leite pasteurizado da Tianjin Dairy, empresa criada em 1965, mas a Parmalat já coloca seu dedo. O número de funcionários de duas fábricas, por exemplo, foi reduzido de 850 para 430.
O leite pasteurizado e o leite em pó ainda não saem da fábrica com o rótulo Parmalat. ``Vamos colocar o nome da empresa apenas quando atingirmos nosso padrão de qualidade", diz Fan Jer Lin.
O processo de modernização prevê a importação de máquinas da Itália para substituir o obsoleto equipamento chinês, que usa tecnologia de 20 anos atrás.
``A torre de secagem para leite em pó é operada aqui por 15 pessoas. No Brasil, a tarefa é feita por um funcionário", conta o gerente.
Hoje, a produção de leite é de 45 mil litros por dia e a meta é chegar a 70 mil litros por dia.
A campanha publicitária para estimular consumo deve começar só quando o produto alcançar o padrão de qualidade Parmalat, previsto para fevereiro de 1996.
No processo de reforma das fábricas, Fan Jer Lin conta com a ajuda de Chaw Shan-Hua, engenheiro de alimentos que chegou ao Brasil com um ano de idade, vindo de Taiwan.
Os dois brasileiros de origem chinesa aproveitam o conhecimento do idioma para facilitar a relação com os sócios da Tianjin Dairy.
A estratégia da Parmalat inclui, ainda, produção de leite longa vida e iogurte, prevista para 1996. A joint venture vai contar também com a modernização do processo de distribuição, através da ampliação do sistema de venda avulsa.

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