São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-coveiro enterra seu rival Uruguai

Falar é bom, mas jogar é melhor
MARCELO FROMER e NANDO REIS

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Dá para lembrar como se fosse hoje. Maracanã lotado -coisas do passado- e aquele uruguaio ensandecido perseguindo Rivelino pelo gramado, feito uma vaca louca, até que o nosso esquerdinha de ouro escorregou escada abaixo, carimbando cada degrau. Mais um episódio da velha rixa entre sul-americanos que sempre houve, que hoje ainda existe e nunca, jamais terá fim.
Não éramos vivos, mas parece que aquela derrota de 50 abriu uma ferida que nunca irá cicatrizar e só quando damos uma sova nos uruguaios é que o ardor diminui um pouco.
Quanto aos argentinos, fomos surrupiados em 78 por Videla e seu sórdido esquema, e depois, em 90, Maradona e Cannigia, em um só golpe cruel e desolador, nos mandaram para casa mais cedo, justamente no único jogo em que mostramos algum futebol. Difícil de esquecer, impossível de assimilar.
Recentemente perdemos mais uma Copa América -torneio no qual sempre nos demos mal-, desta feita nos pênaltis, contra os donos da casa, os vizinhos vestidos com a celeste. Mesmo sendo tetracampeões mundiais, ainda assim acumulamos mais derrotas do que vitórias nestas acirradas disputas.
Há pouco tempo, Maradona aprontou mais uma. Desta feita para cima do ministro dos Esportes e, às custas dele mesmo, o rei.
Em uma suposta transferência para o Santos, usou do prestígio alheio para tentar melhorar sua imagem, desgastada nos quatro cantos do mundo. Estava blefando!
Há outras duas semanas, um tal de Zandoná veio até Uberlândia e deu uma chapuletada no incorrigível Edmundo. Foi recebido como herói em seus domínios só porque, como argentino, ``bateu" em um brasileiro.
Logo depois, o São Paulo despachou o meio-Boca Juniors em pleno Bombonera, ao mesmo tempo em que Telê Santana se protegia com a auréola de uma toalha da cusparada portenha. Alguns dias depois, um Zé Mané que dirige a seleção do Uruguai chega ao Brasil disposto a disparar alguns traques sonoros contra o super-tetra Zagallo de cabeça branca.
Falar é bom, é muito bom, mas jogar é melhor ainda. Enfurecidos pela rivalidade descrita nas linhas de cima, assistimos a este último confronto com toda a garra e saúde disponíveis em uma revanche. Vitória incontestável, jogo emocionante.
Logo em breve, pegaremos os outros vizinhos, os argentinos, comandados pelo estúpido Passarella, com suas medidas ridículas de não convocar para a seleção jogadores que usem os cabelos compridos. Não dá para acreditar, é melhor aguardar e ver no que vai dar.
A propósito, antes que fique tarde e que o artigo acabe, pelo último jogo da seleção e por outros tantos do verdão, valeu Amaral!

Cartas podem ser enviadas para Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01290-900

MARCELO FROMER e NANDO REIS são músicos e integrantes da banda Titãs

Texto Anterior: O JOGO
Próximo Texto: A maratona
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.