São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Escola de Portugal exige calculadora

DA REPORTAGEM LOCAL

Alguma vez você já reclamou de ter de fazer prova de matemática sem a ajuda de uma máquina de calcular? Pois tem gente que reclama do contrário, isto é, de ser obrigado a usar uma.
É o caso dos irmãos Daniel e Mônica Pereira Coelho. Até hoje eles não se conformam com o fato de, no equivalente ao ginásio em Portugal, os alunos serem obrigados a levar calculadoras para as aulas de matemática.
``Meu pai é de lá e queria que a gente conhecesse o país dele. Mas, antes de ir, fizemos um acordo. Se a gente não se adaptasse, voltaríamos para o Brasil", conta Mônica, 14.
Logo que chegaram a Carnaxi, nos arredores de Lisboa, Daniel, Mônica e o irmão mais velho, Mário, foram matriculados na escola local. Lá tiveram muitas surpresas.
Uma delas aconteceu durante uma prova de matemática. ``Quando o professor me viu sem a máquina de calcular ficou surpreso. Ele disse que quem não levasse a calculadora tirava nota zero na prova. Tentei argumentar, explicando que no Augusto Laranja (colégio onde os irmãos estudavam no Brasil) nós aprendemos a raciocinar, mas não adiantou", diz Daniel, 13.
A discussão foi mais além. O Conselho Diretivo da escola chamou a mãe deles para uma conversa. Depois de muita discussão, ela conseguiu que os filhos não fossem obrigados a usar a calculadora.
``No fim, provamos para eles que sem a calculadora conseguíamos tirar notas mais altas. Chegamos até a competir com os alunos portugueses para ver quem fazia contas mais rápido, eles com calculadora ou nós, sem. Ganhamos todas", diz Mônica.
No fim, o ``martírio" durou apenas sete meses. Respeitando o acordo inicial, a família voltou para o Brasil e Daniel e Mônica voltaram a estudar na sua antiga escola. Sem calculadora.

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