São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Publicação engana os pais de homossexuais

DA REPORTAGEM LOCAL

Na edição do dia 7 de agosto o Folhateen reproduziu, na reportagem ``Quero falar uma coisa: sou homossexual", trechos da cartilha ``Dá Para Entender", dirigida a pais de homossexuais.
A cartilha, feita originalmente nos Estados Unidos pela PLAG -Associação de Pais de Gays e Lésbicas dos EUA- e traduzida para o português, seria editada pelo Mix Brasil (grupo que organiza atividades sobre o homossexualismo).
A reportagem fornecia o número de telefone do Mix Brasil para quem quisesse ter acesso a essa cartilha.
O estudo, diferentemente do que o Mix Brasil informou à reportagem, não chegou a ser editado, mas foi publicado em fascículos no ``Guia Mix", um livreto de consumo especializado para homossexuais.
Esse roteiro fornece endereços de saunas, cinemas e bares de encontros de homossexuais. Os leitores da Folha que ligaram para o Mix Brasil pedindo a cartilha receberam esse material pelo correio.
O material enviado à Redação não continha o roteiro para homossexuais, apenas a tradução da cartilha para pais.
A cartilha ``Dá Para Entender" acabou sendo publicada na última página desse livreto, em capítulos. Dessa forma, os pais que procuravam auxílio na cartilha começaram a receber, sem pedir, o roteiro de atividades voltadas exclusivamente para homossexuais.
André Fisher, do Mix Brasil, alega que as pessoas interessadas na cartilha foram informadas de que receberiam o guia com um fascículo da ``Dá Para Entender". Mas reclamações de pais que chegaram ao jornal, via ombudsman, mostraram que nem sempre essa orientação foi transmitida.
Segundo ele, a cartilha, que era dirigida a pais de homossexuais, como informava a reportagem, ``virou uma espécie de guia para os gays lidarem com seus pais". Fisher diz que preferia ter editado a cartilha integralmente. ``Não fiz isso porque não consegui patrocínio, nossa idéia inicial era distribuir gratuitamente a cartilha em portas de escolas", diz.
Segundo a psicóloga Eliana Barbosa, a publicação de uma cartilha para pais junto com um guia de consumo homossexual é inadequada. ``Não é essa informação que o pai está esperando. Dependendo de como ele lidar com a questão, o serviço pode chocar em vez de ajudar", diz.
O psicólogo Adalberto Bolleta concorda. ``Isto pode dar um nó na cabeça dos pais. A maioria não está preparada para tolerar este comportamento nos filhos", diz.
Para o psicólogo Orlando de Marco, ``o problema é que os pais, ao receberem o guia, podem generalizar o comportamento dos homossexuais". ``Ser homossexual é uma opção íntima, e cada um tem um tipo de comportamento", afirma.
Segundo Paulo Cézar Fernandes, presidente do grupo homossexual Atobá, é preciso ter muito cuidado ao produzir material sobre homossexualismo. ``Existem vários públicos, cada um com sua linguagem própria."

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