São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Países pedem fim do embargo a Cuba

DENISE CHRISPIM MARIN; SONIA MOSSRI
ENVIADA ESPECIAL A BARILOCHE

A Argentina aderiu à proposta de fim do embargo comercial a Cuba, que deverá ser aprovada pelos chefes de Estado e de governo de 21 países durante a 5ª Conferência de Cúpula Ibero-americana.
O presidente argentino, Carlos Menem, deverá abrir hoje a conferência, em Bariloche, com um discurso contrário ao embargo.
Entretanto, o documento aprovado ontem pelos coordenadores das delegações não menciona claramente a oposição ao bloqueio. Semelhante ao das conferências anteriores, o texto não registra as palavras ``embargo" ou ``Cuba".
A adesão argentina aponta para uma mudança substancial na política internacional do país. Nas últimas reuniões de cúpula, o país se manteve contrário aos embargos -mas se mostrava reticente com relação a Cuba.
Na noite de sábado, o ministro das Relações Exteriores, Guido Di Tella, declarou que o embargo somente serve para o presidente cubano, Fidel Castro, justificar seus problemas internos.
Mas completou que ``setores muito fortes dos Estados Unidos" também pensam que o embargo não cumpre mais sua função.
``Todos os países europeus estão se aproveitando da abertura econômica em Cuba e os Estados Unidos estão, de fato, se autocastigando", afirmou Di Tella.
``A cada mudança que ocorre em Cuba, nós temos que reagir, mudando nossas posições."
No governo argentino, as declarações do chanceler foram recebidas como um claro alinhamento da política externa com as posições do ministro da Economia, Domingo Cavallo.
Parte da estratégia econômica de Cavallo está concentrada na atração de empresas estrangeiras para a Argentina. Algumas delas também desejam entrar em Cuba e pressionam o governo dos EUA para suspender o bloqueio.
Apesar dessa mudança de posição, Castro desembarcou ontem em Bariloche e até as 17h (18h no Brasil) não estava confirmado um encontro reservado com Menem.
O presidente Fernando Henrique Cardoso -recebido ontem como um dos principais participantes do encontro- também deverá firmar o documento a favor de Cuba e se reúne hoje com Castro.
``Nós achamos que Cuba deve ser inserida no sistema interamericano . É preciso que haja progresso na consolidação da democracia de Cuba", disse FHC ao chegar a Bariloche.
FHC lembrou que a posição do governo brasileiro contra o bloqueio econômico é ``tradicional" por ser defendida desde 93.

Colaborou SONIA MOSSRI, enviada especial

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