São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995 |
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Importação de máquinas cresce e pressiona balança
EDUARDO BELO; MÁRCIA DE CHIARA
"O próximo setor a estourar as contas do governo é o de bens de capital (máquinas), avalia Sérgio Magalhães", presidente da Abimaq. Ele teme que o governo, ao perceber o estrago das importações sobre o saldo comercial, possa tomar medidas para barrar as compras no exterior, a exemplo do que fez com o setor automobilístico. A Abimaq estima que as importações do setor vão somar neste ano perto de US$ 5,5 bilhões, 72% acima das exportações previstas. "Esses números vão crescer mais, o governo vai se dar conta e fechar a economia", afirma Magalhães. "Vai ser um desastre, porque nós não vamos conseguir atender à demanda", completa, em referência à falta de condições da indústria nacional de suprir de imediato o corte das importações. "O que deve pressionar a balança comercial neste último trimestre do ano é a importação de bens de capital e de matérias-primas", atesta Carlo Barbieri, presidente da entidade Empresas Tradings, que reúne 110 companhias de comércio exterior do país. Em setembro, afirma Barbieri, as tradings receberam 30% mais encomendas (para operações de outubro) do que na média dos meses anteriores. Segundo ele, o aquecimento das compras se deve à proximidade do fim do ano. Até 31 de dezembro, a importação de máquinas está isenta de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). As empresas estariam comprando agora para fugir da tributação a partir do ano que vem. Antes da isenção, os equipamentos importados para a indústria pagavam entre 11% e 20% de IPI. Para Magalhães, a isenção não é a responsável pelo resultado. A culpa cabe à política cambial, à excessiva carga tributária do produto nacional e à falta de uma política industrial, diz. O presidente da Abimaq acredita que o governo irá renovar a isenção. A Folha procurou o Ministério da Indústria e Comércio para comentar o assunto nesta semana, mas não obteve resposta. Ele diz, também, que a isenção só vale para produtos sem similar nacional. Ocorre que muitas das máquinas que chegam têm similar, mas "a alfândega não tem condições de avaliar", afirma. Texto Anterior: A reforma de Bresser Próximo Texto: Produção volta ao nível de 80 Índice |
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