São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995 |
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Protético é preso após depredar templo da Igreja Universal em PE
FÁBIO GUIBU
Valois invadiu o local na noite de anteontem e destruiu vários objetos a golpes de enxada. Ele confessou o crime e foi solto à tarde, após pagar fiança de R$ 100. No momento da agressão, cerca de 30 fiéis assistiam a um culto no templo, o maior da Universal na cidade, com capacidade para 450 fiéis. Ninguém se feriu. O protético disse que agiu alcoolizado e que estava "muito emocionado" com as imagens da TV que mostravam o bispo Sérgio Von Helder chutando uma estátua de Nossa Senhora Aparecida. "Meu nome é Aparecido e tenho devoção por Nossa Senhora", disse ele durante o ataque. A agressão durou cerca de 15 minutos. Ele só parou depois que o cabo da enxada quebrou. Segundo o pastor da Universal em Garanhuns, José Alves de Melo, 28, Valois destruiu uma mesa de som, um gravador, um teclado, a mesa do altar, caixas de som, vasos, arranjos e bancos. Melo acredita que o prejuízo pode superar os R$ 2.000,00. "Ainda não avaliamos". O pastor disse que não pretende cobrar a dívida do protético. Para o pastor, a depredação do principal templo da seita na cidade é um sinal de que a Universal "colhe o que plantou". "O que Von Helder fez foi um erro, uma atitude impensada, sem consulta ao ministério da igreja", criticou. "Ele plantou e nós colhemos", afirmou o pastor à Agência Folha, por telefone. Melo disse que já perdoou o acusado -que também declarou estar arrependido do que fez- e que cabe agora à Justiça decidir se pune ou não o protético. Valois foi indiciado sob acusação de danos materiais e ultraje a culto religioso. Segundo o delegado que apura o caso, Manoel Paulo Clemente, as penas variam de um mês a um ano de prisão. Por causa da depredação, a Universal optou por não realizar ontem o culto da manhã na cidade. À tarde a igreja funcionou normalmente, sem incidentes. O pastor, que pediu e obteve segurança da polícia contra novas agressões, disse que orientaria os evangélicos da igreja em Garanhuns a não revidar a agressão. O porta-voz da Arquidiocese de Olinda e Recife, Miguel Cavalcanti, disse que a Igreja Católica não aceita a atitude de Von Helder, mas "condena o revide e a violência". Em entrevista por telefone à Agência Folha o protético Murilo Aparecido Valois disse ontem estar arrependido do que fez. "Às vezes acontecem coisas inexplicáveis com a gente", justificou. Valois afirmou que depredou o templo da Universal porque ficou "revoltado" ao ver na TV a agressão à imagem de Nossa Senhora. "Aquilo foi acumulando, acumulando, até que eu bebi e explodiu tudo", disse o protético, que nasceu em Recife, é filho único de um dentista, separado, tem três filhos e diz ser devoto de Nossa Senhora Aparecida. Texto Anterior: Confraria faz manifestação de desagravo no Rio Próximo Texto: Procuradores investigam dados sobre parcelamento de dívidas Índice |
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