São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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São Paulo pode receber ajuda da União

CARI RODRIGUES

CARI RODRIGUES; SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal poderá ajudar o governo de São Paulo a renegociar sua dívida junto ao Banespa, segundo avaliação feita ontem pelo Banco Central. A dívida, de R$ 13 bilhões, é o principal motivo da crise do Banespa.
"Provavelmente, o governo federal terá que entrar nisso", disse ontem o diretor de Política Monetária do Banco Central, Alkimar Moura, ao sair da Comissão Especial do Sistema Financeiro da Câmara dos Deputados.
O presidente do BC, Gustavo Loyola, disse em seu depoimento na Comissão que o primeiro passo para a solução do caso Banespa -sob regime de administração especial desde dezembro passado- será a renegociação da dívida do governo paulista com o banco.
A forma de refinanciamento não foi detalhada, mas o governo federal pode emprestar dinheiro novo para o governo paulista ou dar ajuda na forma de títulos. A autorização deve ser concedida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Loyola fez elogios ao governador Mário Covas (PSDB), mas disse que sua posição pessoal é favorável à privatização do Banespa. O governador quer que o banco continue estatal.
O Banespa só pode ser colocado à venda depois da concordância do governador de São Paulo, afirmou o presidente do BC.
Segundo ele, a proposta está sendo discutida dentro do governo federal e o processo de negociação é lento.
Loyola defendeu uma legislação que proíba os bancos estaduais de servir de "mecanismo para salvar seus Estados".
A ajuda da CEF (Caixa Econômica Federal) aos Estados endividados, segundo ele, é transitória.
Para ter ajuda do governo federal, os Estados terão de fazer ajustes nas suas contas, com corte de despesas e privatização das estatais, disse o presidente do BC.
Loyola afirmou também que o governo continuará promovendo a "queda lenta e gradual dos juros".
Segundo ele, as taxas de juros estão se adequando ao nível de consumo, hoje em alta se comparado ao de agosto.

ARO
Entre as medidas já conhecidas que o governo federal pretende tomar para aliviar dívidas de Estados e municípios, nenhuma, até agora, refresca o problema da dívida de São Paulo junto ao Banespa.
Neste ano, o Estado não recorreu a operações de ARO (Antecipação de Receita Orçamentária) para financiar gastos.
Segundo dados do BC, entretanto, cerca de 50 prefeituras paulistas recorreram.
Covas já admite a possibilidade de atrasar o pagamento de funcionários públicos no final do ano, mas até agora está conseguindo manter a folha salarial em dia.

Colaborou SILVANA QUAGLIO, da Reportagem Local

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