São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Paradeiro de santa era sabido desde 78

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA

A artista plástica mineira Regina Bawden disse ontem à Agência Folha que tinha duas provas de que a imagem de Nossa Senhora das Mercês, de Aleijadinho, apreendida na última terça-feira pela PF em São Paulo, estava no Estado: uma reportagem da revista "Manchete", de abril de 78, e um catálogo de exposição do Museu de Arte Sacra, de novembro de 77.
A obra teria desaparecido no início da década de 60 da igreja Nossa Senhora das Mercês, de Ouro Preto. "O artigo da revista dizia que a imagem pertencia ao colecionador Antônio Carlos Kfouri. O catálogo dizia que ela pertencia ao acervo do museu."
A PF encontrou a obra no apartamento de Kfouri, nos Jardins (zona oeste de SP). O dentista José Roberto Kfouri, 57, irmão de Antônio Carlos, disse que seu irmão comprou a escultura de um padre.
Regina contou que, em março deste ano, recebeu uma carta do historiador Márcio Jardim, que comentava um erro na listagem que ela fizera sobre obras de Aleijadinho.
"Na carta, ele (Jardim) dizia que a imagem de Nossa Senhora das Mercês não pertencia ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, como eu havia escrito no catálogo de uma exposição minha, mas ao colecionador Kfouri", afirmou.

Jobim
Ontem o prefeito de Ouro Preto (MG), Angelo Oswaldo de Araújo Santos (PTB), 49, disse que convidou o ministro da Justiça, Nelson Jobim, para fazer a devolução da imagem para a cidade. Segundo Santos, a presença do ministro "sublinha o empenho do governo federal em salvaguardar o patrimônio histórico brasileiro".
O delegado Mário Ikeda, da Delegacia de Polícia Fazendária da PF, disse ontem que espera contato de um representante do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para remover a imagem.
Santos contou que soube do paradeiro da imagem por intermédio de uma entrevista de Regina ao jornal mensal "Galilé", de Ouro Preto. "Fiquei apreensivo e entrei em contato com a polícia e com o instituto", disse. Ele comunicou o fato à Polícia Federal em São Paulo e em Minas e também ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado).
Segundo Santos, outras antigas obras de arte da cidade estariam desaparecidas.

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