São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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União Européia e Mercosul vão realizar encontro anual

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Os 15 países da UE (União Européia) e os quatro do Mercosul passarão a fazer, a partir de 1996, uma reunião anual entre seus ministros de Relações Exteriores.
Essa programação é o aspecto político mais importante do acordo que os dois blocos assinarão no mês de dezembro, em Madri, e que cria uma Associação Inter-Regional.
Mesmo no caudaloso jargão diplomático, a expressão é nova, pela simples razão de que será o primeiro acordo entre blocos de países, e não entre países isoladamente, ou entre um bloco e um país.
O ponto de chegada da Associação Inter-Regional é a criação de uma ZLC (Zona de Livre Comércio) entre a UE e o Mercosul, que também seria inédita no planeta, por associar conjuntos de países separados por um oceano (o Atlântico).
O presidente de turno da União Européia, o primeiro-ministro espanhol, Felipe González, entusiasta do acordo, diz que "a Europa logo se vai dar conta da tremenda importância política desse entendimento".
González destaca, em especial, o fato de que o acordo não se limita aos aspectos econômicos e comerciais, ao transitar também pelo plano político.

Agenda mundial
A agenda dos encontros de chanceleres, ao menos pelo que ficou discutido nas reuniões de negociação do acordo, não se limitará aos temas bilaterais, mas incluirá também a agenda mundial.
Com isso, os países em desenvolvimento do Sul terão seu primeiro assento em encontros com o bloco dos ricos do Norte.
Até aqui, a participação dos países em desenvolvimento na discussão da agenda internacional se limitava à ONU (Organização das Nações Unidas), que tem escasso poder decisório, exceto no seu Conselho de Segurança, dominado por cinco países (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha).
Ou, então, a encontros esporádicos, como as reuniões que a ONU vem promovendo sobre a mulher, a população, a criança, o desenvolvimento social etc.

Integração
Felipe González diz que pretende dar impulso a duas outras iniciativas para aprofundar o relacionamento entre a UE e o Mercosul.
Uma será um simpósio para transferir know-how de integração de um bloco para o outro.
O processo de integração na Europa está em andamento há 40 anos, ao passo que o Mercosul iniciou o seu apenas em 1985.
A outra proposta é uma reunião para apresentar propostas concretas de combate ao desemprego, o maior problema estrutural, hoje, do mundo desenvolvido, mas que também afeta fortemente o segundo maior país do Mercosul, a Argentina.

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