São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Governo espera safra até 9% menor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nova safra deve cair até 9%, prevê governo
Primeira previsão oficial é de queda de 4,6% a 9,1% na produção agrícola; motivo é descapitalização do setor
A safra agrícola do próximo ano deverá registrar uma queda de 4,63% a 9,08% na produção em relação a colheita de 94/95. A safra 1994/95 foi de 81,18 milhões de grãos, recorde brasileiro.
A estimativa da produção de grãos está entre 73,8 milhões de toneladas e 77,4 milhões de toneladas. Este é o resultado do primeiro levantamento de intenção de plantio feito pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
O principal motivo da quebra é a descapitalização do produtor rural. Grande parte dos agricultores está endividada e sem crédito.
O gerente de Divisão de Safras da Conab, Eledon Pereira de Oliveira, disse que a falta de recursos dos produtores atrasou o plantio, diminuindo a área plantada.
Segundo a Conab, a área plantada vai ter uma redução de 2,4% a 8,4%, sendo que de 601 mil a 2 milhões de hectares deixarão de ser cultivados.
O clima também influenciou o prazo do plantio. A estiagem de agosto e setembro, seguida de fortes chuvas em outubro, afetou as culturas de feijão e trigo de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
O secretário de Política Agrícola do Ministério do Planejamento, Guilherme Dias, gostou da previsão. "Fico agradavelmente surpreso. Havia uma certa preocupação de que a quebra poderia ser maior do que 10%", afirmou.
Eledon Pereira disse que as futuras previsões podem ser um pouco mais otimistas por causa das novas medidas do governo. Na quarta-feira, a equipe econômica acertou a renegociação de R$ 7 bilhões da dívida rural com bancos.
O débito será repassado para o Tesouro. Os produtores poderão pagar a dívida em seis anos, sendo que a primeira parcela será paga em outubro de 1997.
O levantamento da Conab foi feito entre 1º e 7 de outubro na região Centro-Sul, nas culturas de algodão, arroz, feijão, milho e soja. A queda maior será no plantio de soja (-10,38%), milho (-10,8%) e arroz (-8,52).
O levantamento foi feito com produtores, cooperativas, revendedores de insumos e agentes financeiros. Segundo a Conab, a venda de fertilizantes no primeiro semestre foi menor do que a do ano passado, mas em setembro esta posição foi revertida.
Eledon afirmou que este é um reflexo da inflação baixa, porque os produtores não precisam comprar fertilizante com antecedência para se proteger dos aumentos.
A segunda pesquisa será em novembro, e os dados finais sairão em julho de 96. A margem de erro em relação à área plantada é de 1%. Em relação à produção, variações climáticas podem mudar a previsão.

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