São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Quebra não deverá elevar taxa de inflação

DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda que a previsão de quebra da próxima safra divulgada ontem pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) se confirme, os produtos agrícolas não deverão contribuir para a alta dos índices de inflação.
Essa é avaliação de especialistas em economia agrícola ouvidos pela Folha.
Para Nelson Batista Martins, pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola), a previsão feita pela Conab está dentro da expectativa.
Para ele, uma queda de 15% da próxima safra, comparada com a deste ano, como, segundo ele, chegou a ser anunciado por alguns especialistas, "está completamente descartada".
"Caso a queda fique entre 4,8% e 9%, não vai afetar o mercado, principalmente por causa dos grandes estoques do governo federal", diz Martins.
No caso do milho, por exemplo, o governo possui hoje estoque de 13 milhões de toneladas, o que representa cerca de 35% do total colhido neste ano.
Outro produto importante para o mercado interno, a soja, tem preço fixado no mercado internacional e, caso haja queda expressiva na produção, é possível comprar de outros países produtores.
Martins afirma ainda que o que deve ocorrer é a recuperação de alguns preços, como o do milho, que chegou a ser vendido a R$ 3,90 a saca, quando o preço mínimo do governo era de R$ 6,32.
O engenheiro agrônomo André Pessoa, da consultoria MB Associados, acredita que, caso a queda da produção fique abaixo dos 9%, "não deve ter nenhum impacto inflacionário".
"Se os preços agrícolas não vão ajudar a inflação a cair, também não contribuirão para alta", diz.

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