São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Rachelle Ferrell surpreende

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Cinco anos depois de sua estréia mundial, quando causou furor no festival de Montreux, a americana Rachelle Ferrell desembarcou em São Paulo bastante mudada. Africanizou os cabelos, livrou-se do aparelho dental e está mais solta.
Dona de uma extensão vocal incomum, com agudos que chegam a se confundir com microfonias e efeitos surpreendentes, Rachelle é a principal revelação do gênero nesta década.
O problema está no fato de a garota se dedicar simultaneamente ao jazz e ao "rhythm & blues", o que a leva a se associar com músicos decrépitos, como o tecladista George Duke.
Aferrado à mais insípida "jazz fusion" dos anos 70, Duke se superou ao lembrar a melosa "Sweet Baby". Tremulando duas notas por mais de um minuto, chegou a tocar de costas para o teclado e a se ajoelhar no chão, numa exibição de pura debilidade musical.
Apesar de ainda se mostrar um pouco deslumbrada com os recursos sonoros de sua garganta privilegiada, Rachelle segue um caminho totalmente diverso.
Improvisadora radical, em vez de apelar para a repetição tatibitate de Duke, ela chega a usar um timbre diferente para cada nota.
Não foi à toa que o clímax do show se deu com a canção "Peace on Earth", que Rachelle interpretou sozinha, acompanhando-se ao piano.

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