São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Para produtor, Incra incentiva desrespeito à lei

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) está incentivando o desrespeito à lei e à propriedade ao permitir que os sem-terra invadam fazendas e façam exigências ao governo, ameaçando com represálias se não forem atendidos.
A afirmação foi feita à Agência Folha, em Bauru (345 km a noroeste de SP), pelo presidente do Sindicato Rural da cidade e diretor da Federação da Agricultura de São Paulo, Maurício Lima Verde Guimarães.
"Os sem-terra estão forçando uma situação perigosa porque questionam a autoridade, e isso pode levar a confrontos dos invasores com os fazendeiros mais cedo ou mais tarde", disse Guimarães.
Ele criticou o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) no Pontal do Paranapanema, José Rainha Jr.
"Rainha parece que se considera acima de tudo, acima da lei, não respeita nada, e ainda faz ameaças ao governo, aos proprietários e à Justiça", disse.
O diretor da Federação da Agricultura de São Paulo afirmou que isso poderá levar à própria desmoralização do MST e aumentar a tensão no campo.
Guimarães atribui em parte essa situação à nova orientação do Incra desde que Francisco Graziano assumiu a presidência do órgão por determinação de FHC.
"A questão da reforma agrária é tratada diretamente pelo gabinete do presidente da República, mas se esquece que o respeito à lei pelos sem-terra é fundamental."
Ele criticou a maneira como a questão agrária é tratada no país. Para Guimarães, o que FHC está fazendo não é reforma agrária.
"Isso é, no máximo, reforma fundiária. Depois que os sem-terra estiverem assentados, eles vão plantar como? Há semente, adubo, implementos? Haverá dinheiro para eles cultivarem?".
Para ele, mesmo com uma ampla reforma agrária, sempre haverá sem-terra no país. "Os invasores de hoje correm o risco, no futuro, de também terem suas áreas invadidas por novos sem-terras", declarou.

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