São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Evangélicos já marcam reunião para eleição

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os evangélicos começam a se preparar para aumentar sua presença nas prefeituras e Câmaras de Vereadores de todo o país.
O primeiro passo nesse sentido será dado nos dias 29 e 30 de novembro, no 2º Encontro de Evangélicos Políticos, em Brasília.
Organizado pelo deputado federal Salatiel Carvalho (PP-PE), da Assembléia de Deus, o evento terá a função de traçar a estratégia dos evangélicos para as eleições municipais do próximo ano.
O encontro anterior foi realizado em 91, durante o governo de Fernando Collor.
O ex-presidente participou de um café da manhã com os evangélicos no Hotel Nacional, onde ocorreu o evento. O presidente Fernando Henrique Cardoso também será convidado para uma reunião com os evangélicos.
O encontro de novembro deverá ter a participação de políticos de quase todas as igrejas, das históricas às neopentecostais.
No primeiro grupo estão as igrejas mais tradicionais, como Batista e Presbiteriana, que se instalaram no país no século passado.
As neopentecostais são as igrejas recentes, que defendem a realização de milagres e curas e praticam o exorcismo. A de maior notoriedade é a Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo.
Entre os dois pólos estão as pentecostais, fundadas no Brasil no início do século. A mais antiga -e com maior número de fiéis entre os evangélicos- é a Assembléia de Deus.
Os pentecostais e neopentecostais representam cerca de 77% dos evangélicos.
Salatiel Carvalho pretende que o encontro tenha a presença dos principais líderes de cada igreja. Em sua opinião, eles é que poderão motivar os pastores, considerados peças-chaves na relação com os fiéis durante as eleições.
O deputado considera surpreendente o poder de mobilização dos evangélicos, que frequentam assiduamente suas igrejas.
"Nós podemos mobilizar toda a comunidade evangélica do Brasil em uma única manhã de domingo, durante o culto", afirma.
Carvalho já começou a contatar prefeitos e parlamentares evangélicos. Ele enviou ofícios aos presidentes de todas as Câmaras Municipais do país no qual pedia a relação de vereadores evangélicos. Recebeu resposta em cerca de 30% dos casos.
Com base nelas, que revelaram a existência de 1.300 nomes, Carvalho calcula que há cerca de 4.000 vereadores evangélicos.
No Congresso Nacional, existem 27 deputados e 4 senadores. O número de deputados estaduais é próximo de 55. Carvalho não tem avaliação precisa do total de prefeitos evangélicos, mas acredita que ele está entre 100 e 150.
O deputado federal Elias Abrahão (PMDB-PR), pastor presbiteriano há 30 anos, considera "bem-vinda" a inciativa.
Mas afirma que a mobilização não deve se transformar em um movimento para eleger evangélicos a qualquer preço.
"Os evangélicos devem ser votados pelo que pretendem trazer para o Congresso e não pelo que pretendem levar do Congresso para suas igrejas", diz Abrahão, que estará no encontro de novembro.
Outra consequência do encontro pode ser a criação da Unep (União Nacional de Evangélicos Políticos), entidade que teria a função de permitir a troca de experiência entre os evangélicos e de articular a sua atuação.

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