São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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FHC dá a Clinton livro pró-Brasil na ONU

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
EM NOVA YORK

O presidente Fernando Henrique Cardoso deu ontem a seu colega norte-americano Bill Clinton cópia do livro "Memórias de Cordell Hull", no qual se afirma que o presidente Franklin Roosevelt queria ter incluído o Brasil entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Clinton riu e respondeu a FHC: "Eu nunca discordo de Roosevelt". Clinton também elogiou a diplomacia brasileira pela "agilidade" em localizar no livro um parágrafo sobre o Brasil e a ONU.
Cordell Hull (1871-1955) foi secretário de Estado dos EUA de 1933 a 1944 e ganhou o prêmio Nobel da Paz de 1945 por seu papel preponderante como articulador da formação da Organização das Nações Unidas.
Na página 1678 de suas memórias, editadas em 1957, Hull diz que, por causa de seu tamanho, população, potencial de desenvolvimento e em razão da ajuda que estava dando para a formação da ONU, o Brasil deveria ter um assento permanente no Conselho de Segurança, com o que concordava Roosevelt.
Franklin Roosevelt (1882-1945) foi presidente dos EUA entre 1933 e 1945 e é tido como principal ideólogo do Partido Democrata, ao qual pertence Clinton.

Campanha
FHC tem dito que o Brasil não está em campanha para ser um dos membros permanentes do Conselho de Segurança.
Mas o presente que deu a Clinton mostra que a campanha pode não ser ostensiva, mas existe. Os atuais cinco membros permanentes do conselho são EUA, Rússia, China, Reino Unido e França.
Hull diz, em suas memórias, que os ingleses e russos barraram a possibilidade de o Brasil entrar no conselho.
Segundo FHC, pelo menos a Rússia mudou de posição: ele diz que Boris Ieltsin, por iniciativa própria, lhe afirmou que o conselho deveria ter 10 membros permanentes e que o Brasil deveria ser um deles.
O encontro entre FHC e Clinton ocorreu em clima descontraído, com os dois sentados sobre uma mesa. Clinton disse que sua mulher, Hillary, voltou do Brasil tão entusiasmada que ele sentiu "ciúmes e vontade de pegar o primeiro avião" para lá.
Ao que FHC respondeu: "Então, por que não vai?". O Brasil já fez convite oficial a Clinton, mas nenhuma proposta de data foi feita até agora.

Rabin
O primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, agradeceu ontem a FHC a ajuda que o Brasil tem dado à paz no Oriente Médio.
FHC disse que ambos querem ampliar as relações comerciais e políticas entre Brasil e Israel. Os dois se encontraram durante as comemorações pelo cinquentenário da Organização das Nações Unidas em Nova York.
As relações entre Brasil e Israel, apesar de cordiais, têm sido difíceis devido à tradicional posição brasileira de simpatia pela OLP (Organização para a Libertação da Palestina).
Com o estabelecimento da paz entre Israel e OLP, as perspectivas de melhoria nas relações entre Brasil e Israel aumentam.

LEIA MAIS
sobre a reunião na ONU à página 2-8

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