São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Sequestrador diz temer vingança da polícia

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O sequestrador Leonardo Pareja, preso desde que se entregou em 12 de outubro, não quer ser lembrado pelos cinco anos que assaltou carros e postos de gasolina.
Quer que as pessoas esqueçam ainda que manteve uma menina de 13 anos como refém por três dias num hotel de Feira de Santana (BA) e que supostamente baleou uma menina em um culto religioso em Aparecida de Goiânia (GO) -ele nega a autoria do tiro.
Pareja, 21, diz que ele se entregou porque está arrependido do rumo que sua vida tomou desde que decidiu largar a escola aos 16 anos para roubar. A seguir, trechos da entrevista concedida à Agência Folha na última sexta.

Agência Folha - Você disse que é um assaltante e que o sequestro na Bahia foi um acidente. O que deu errado?
Leonardo Pareja - Era um assalto simples, como todos os outros que a gente fazia, só queríamos roubar dinheiro. Mas a polícia chegou e tive de pegar a menina.
Agência Folha - Você acha que a polícia passou uma imagem errada de você?
Pareja - Disse que eu era perigoso, mas um assaltante comum. Sequestro, estupro, nunca passaram pela minha cabeça.
Agência Folha - Você tem medo de vingança?
Pareja - Tenho medo que alguma coisa aconteça quando o caso esfriar. O maior problema é com a Polícia Civil. Eles não gostaram do que eu falei sobre a incompetência deles, que é verdade.
Agência Folha - Como é passar o dia cumprindo pena?
Pareja - Fico lendo e respondendo cartas. Estou lendo o "Menino Maluquinho", que ganhei da filha de 9 anos do meu advogado.
Agência Folha - A morte de seu pai influenciou a sua entrada para o crime?
Pareja - Meu pai morreu uma semana depois de eu ser preso, quando tinha 18 anos. Ele ficou sabendo que eu estava sendo torturado e não aguentou. Acho que vem daí minha raiva da polícia.
Agência Folha - Mas a raiva explica todos os seus crimes?
Pareja - Não. Roubava pelo gosto da emoção. E também porque eu queria ter dinheiro, não suportava ficar sem dinheiro para viajar, comer bem, ir ao cinema.
Agência Folha - Você está escrevendo outro livro?
Pareja - É verdade, vai chamar "Aventuras Perigosas", sobre a fuga da polícia.

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