São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995 |
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Maluf entrega trecho de nova avenida
CLAUDIO AUGUSTO
Quando anunciou que prolongaria a Faria Lima, no começo de sua gestão, o prefeito disse que a obra seria paga pela iniciativa privada. Até agora, a prefeitura arrecadou apenas R$ 12 milhões junto a investidores. A idéia era vender antecipadamente a empresários o direito de construir nos terrenos próximos à Faria Lima além do que a lei de zoneamento permite, o que acabou não acontecendo. São 2,25 milhões de metros quadrados que podem ser construídos nas áreas de influência direta e indireta da avenida. Maluf disse que, em 20 anos, a cidade vai obter R$ 600 milhões com a venda do potencial adicional de área construída. O arquiteto Nabil Bonduki, professor da USP (Universidade de São Paulo) e membro da gestão Luiza Erundina (PT) -de 1989 a 1992-, criticou o que a prefeitura está gastando na Faria Lima. Ele disse que a cidade tem outras prioridades. "Se fosse eu, não gastaria isso." A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) estima que 50 mil veículos transitarão pela nova avenida, que corta bairros de uma das regiões mais valorizadas da cidade de São Paulo. A nova Faria Lima -que vai estar totalmente pronta em janeiro de 1996- vai formar, com a Pedroso de Morais e outras avenidas já existentes, uma via paralela à marginal Pinheiros, de 13 km. Para o presidente da CET, Gilberto Lehfeld, investir R$ 110 milhões em uma obra que cria uma opção à marginal é justificável. A marginal Pinheiros é uma via expressa (sem semáforos), mas o excesso de carros torna o tráfego lento, especialmente nos horários de pico (manhã e fim de tarde). O arquiteto Cândido Malta, um dos maiores críticos do projeto da Nova Faria Lima, disse que a prefeitura deveria priorizar os investimentos em transporte coletivo. "Com os 300 mil veículos a mais que a cidade recebe todos os anos, seria preciso construir seis avenidas Faria Lima por ano, o que é impossível." Júlio Neves, autor do projeto de prolongamento da Faria Lima, afirmou que o deslocamento do centro da cidade para a zona oeste, na região próxima ao rio Pinheiros, justifica o investimento na nova avenida. Ele disse que a deficiência da cidade na área de transportes coletivos é consensual entre técnicos. "Mas também estamos atrasados no sistema viário, fundamental para uma cidade prestadora de serviço como São Paulo." Para Neves, a nova Faria Lima deve se transformar em um pólo de novos investimentos na cidade. Texto Anterior: Buscas na Dutra continuam Próximo Texto: Projeto obteve unanimidade Índice |
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