São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Chile sofre onda de atentados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Quatro militantes que disseram ser da Frente Patriótica Manuel Rodríguez, grupo esquerdista chileno, invadiram uma emissora de rádio de Santiago para emitir mensagens contra o presidente Eduardo Frei, na noite de anteontem.
Quase ao mesmo tempo, duas bombas de pequena força explodiram no país. Uma delas atingiu um escritório do partido Renovação Nacional (direita) e a outra danificou a sede do governo provincial em Maipo (centro-sul).
Segundo as mensagens, a FPMR tenta derrubar Frei porque considera insuficientes as penas do general Manuel Contreras e do brigadeiro Pedro Espinoza. Eles foram condenados, respectivamente, a sete e seis anos de prisão por causa da morte, em 1976, do líder socialista Orlando Letelier.
Contreras foi preso na sexta-feira. Condenado no dia 30 de maio, ele se recusava a cumprir a pena no presídio de Punta Peuco (norte de Santiago).
As Forças Armadas deram apoio a Contreras, que chefiou a polícia política do regime militar (1973-1990) comandado pelo general Augusto Pinochet.
A emissora invadida, a Nina, pertence a um ex-oficial do Exército. Os ativistas mantiveram os funcionários da rádio amarrados por quase 20 minutos, enquanto faziam a transmissão.
Além das bombas e da invasão à emissora, houve também um assalto a uma residência, em La Cisterna (os assaltantes se identificaram como militantes do grupo), e uma bomba foi desarmada em Estación Central.
A última ação guerrilheira da FPMR de que se tem notícia aconteceu há cinco anos. O grupo surgiu em 1983, a partir do proscrito Partido Comunista, e foi a maior das guerrilhas que combateram o governo de Pinochet.
Contreras é o mais importante membro do regime militar já condenado no Chile. Sua prisão só aconteceu após vários recursos impetrados por seus advogados e pelo governo.
O ex-procurador norte-americano Eugene Propper elogiou a prisão de Contreras. Ele foi o responsável pela investigação do caso Letelier, morto num atentado a bomba em Washington.
Propper disse estar convencido de que Contreras realmente mandou matar Letelier, que articulava no exílio a oposição a Pinochet.
Em 1979, Propper pediu, sem sucesso, que Contreras, Espinoza e o major Fernández Larios fossem extraditados para os Estados Unidos para lá serem julgados pelo crime.

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