São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Graziano come abobrinha e frango ensopado

DA REPORTAGEM LOCAL

Francisco Graziano, presidente do Incra, almoçou ontem com líderes do MST e os colonos dos assentamentos Sumaré 1 e 2.
Servida em bacias e panelas na única sala da modesta escola de 1º Grau do assentamento Sumaré 1, construída pelos próprios trabalhadores, a refeição foi farta. Cerca de 100 pessoas comeram.
Na primeira serviu-se de verduras -abobrinha, repolho, alface e tomate. Na segunda, encheu o prato com arroz, feijão, frango ensopado e farofa. E não dispensou a sobremesa: doce de abóbora polvilhado com coco.
Graziano recebeu de presente dos colonos uma cesta com cenoura, mamão, tomate, rabanete, mandioca e dois peixes. Um dos que o presentearam disse que a cesta era "o símbolo da reforma agrária e do trabalho”.

Um deles
O presidente do Incra, que é engenheiro agrônomo e proprietário de 30 hectares de terra em Araras (170 km a noroeste de São Paulo), fez questão de demonstrar que não apenas sabe, como sofre os problemas dos agricultores.
Em certo momento, reunido com os colonos, comentou que neste ano vendeu caixas de laranja por apenas R$ 1 cada.
Os assentamento de Sumaré 1 e 2 existem desde 1984 e 1985, respectivamente, mas os colonos ainda não têm título de propriedade. São 52 famílias em uma área de aproximadamente 360 hectares, pertencente à Fepasa.
Os títulos ainda não saíram porque a Fepasa está pedindo “um preço absurdo” pelas terras, segundo Graziano.
Nos assentamentos de Sumaré, onde há água encanada, eletricidade e telefone público, há culturas de grãos e hortifrutigranjeiros. A terra é irrigada, e os colonos estão dando início à criação de peixes.

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