São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Importador de carro quer imposto de 30%

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os importadores de veículos consideram "sufocante" a provável manutenção da alíquota de importação em 62%, reivindicam os 30% programados para abril e oferecem uma auto-limitação das importações.
Documento que a Abeiva (Associação Brasileira de Empresas Importadoras de Veículos Automotores) encaminhou ao governo propõe conter as importações em 1996 até o limite de 10% da produção nacional de 1995.
Daria entre 160 mil e 170 mil unidades, calcula Emílio Julianelli, presidente da Abeiva.
A auto-limitação vale apenas para as 32 marcas representadas pela Abeiva. Não inclui as importações das montadoras instaladas no país, que, aliás, são também as maiores importadoras.
Para este ano, a Abeiva calcula que as importações totais serão de 350 mil unidades e que apenas um terço serão das filiadas à entidade.
As outras 230 mil serão importadas pelas montadoras que têm fábricas no Brasil.
Julianelli diz que, ao contrário dos 62%, uma alíquota de 30% "dá para respirar". Mas, mesmo com ela, a proposta de auto-limitar as importações permanece de pé.
O presidente da Abeiva diz que os 62% vão desestimular a vinda de montadoras estrangeiras, ao contrário da suposição do governo.
"Ninguém se dispõe a investir em um país em que as regras mudam a todo instante", diz.
Julianelli aponta ainda os problemas que o país terá com a OMC para vender toda a política para o setor automobilístico, conforme já demonstrado pela rejeição das cotas.
O governo pretende se defender com o argumento de que a Argentina, sócia do Brasil no Mercosul, adota uma política semelhante.
"Seria difícil conviver com um parceiro que tem uma política do gênero até 1999, enquanto nós não temos", diz Sebastião do Rêgo Barros, vice-ministro de Relações Exteriores.
Esse argumento demonstra que o governo abandonou a linha de defesa junto à OMC, calcada nas dificuldades do balanço de pagamentos, que inclui todas as operações do país com o mundo.
Usar o argumento do balanço de pagamentos não deu certo. A OMC condenou a imposição de cotas para importação de veículos, também prevista na MP do setor.

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