São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Europeus cobram os EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A crise financeira na ONU foi o principal assunto de ontem nos discursos dos líderes mundiais na sede da entidade, em Nova York.
O primeiro-ministro da Espanha, Felipe González, fez a proposta mais radical sobre o assunto: cortar o direito a voto dos devedores. Os EUA, por exemplo, perderiam seu poder de atuação, uma vez que são responsáveis por 40% das dívidas pendentes da ONU.
González falou na condição de presidente da União Européia. "A UE não vai responder por aqueles países que não pagaram", disse durante entrevista coletiva.
Os pagamentos da ONU (o orçamento regular e o das operações de paz) são feitos de acordo com a participação de cada país na riqueza mundial, medida pelos PIBs (Produto Interno Bruto).
A UE, segundo González, respondeu em 95 por 46,6% do orçamento regular e 48,3% dos custos das forças de paz.
O argumento de González é que os países europeus são muito mais sacrificados, porque juntos têm praticamente a mesma riqueza dos EUA e pagam mais. Os americanos respondem por 25% e 33%, respectivamente.
O premiê britânico, John Major, qualificou os débitos da ONU de "insuportáveis" e pediu que as dívidas sejam pagas rapidamente. O alemão Klaus Kinkel fez o mesmo pedido. Ele representa o chanceler (premiê) Helmut Kohl.
Em Bonn, Kohl, a mais notada ausência na reunião de chefes de Estado e de governo, ridicularizou a festa do cinquentenário. "Elas não são dignas da ONU".
Ele disse que não teve vontade de ir a Nova York para falar cinco minutos e participar de uma "foto de família". Oficialmente, o governo informara que Kohl não viajaria por "problemas de agenda".
Outro discurso importante foi o do sul-africano Nelson Mandela. Ele agradeceu à ação da ONU contra o regime segregacionista do apartheid (a ONU definiu sanções contra a África do Sul, naquela época): "Agradeço por haverem se unido a nós para enfrentar um regime que definia a algumas pessoas como seres inferiores".

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