São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995 |
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O Brasil lá fora Como de hábito, as viagens internacionais do presidente Fernando Henrique Cardoso são um sucesso. Exibir-se bem no exterior é o seu forte. É até natural para um político que começou sua carreira no Executivo como chanceler. De resto, FHC fala fluentemente diversos idiomas o que, apesar de ser contra o protocolo, impressiona seus colegas. Sua fama de intelectual internacionalmente reconhecido também o deixa em situação de vantagem mesmo quando se dirige a líderes de potências nucleares como Bill Clinton e Boris Ieltsin. Apesar de todo o sucesso, o que é a política externa brasileira? Artigo do professor Ricardo Seitenfus, especialista em relações internacionais, publicado ontem nesta Folha, traz elementos para reflexão. Uma primeira e alvissareira mudança ocorrida na gestão FHC é que, ao contrário das administrações anteriores, não se procura mais usar de uma propaganda falsa para atrair investimentos. Todo investidor sabe que o Brasil não é nenhum paraíso social e é ridículo ficar insistindo no contrário. Assim, nada mais saudável do que admitir abertamente que o país tem sérios problemas. Falando francamente, o prestígio do Brasil tende a crescer. Uma outra questão detectada por Seitenfus é que, diferentemente do que ocorre nos EUA, Congresso, partidos e sociedade civil estão quase que completamente alheios à atuação externa do país. O Itamaraty vem procurando ter uma ação mais agressiva no exterior, incluindo aí a possibilidade de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Mas como o próprio presidente já perguntou: "O Brasil está disposto a participar mais efetivamente e arcar com os custos?". E é essa a discussão central que mal foi iniciada. Sem esquecer os imperativos da austeridade na luta contra a inflação, numa economia cada vez mais globalizada o poderio e respeito políticos de uma nação pesam bastante nas decisões dos investidores produtivos. Próximo Texto: Pobre Justiça Índice |
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