São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995 |
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'Bolacha preta de vinil' tem seguidores fanáticos
DA REPORTAGEM LOCAL O cantor e radialista Antônio Carlos Senefonte, 40, é tão fanático pela bolacha preta que deu um jeito de colocar o LP no seu nome artístico. Passou a se chamar Kid Vinil.Possui uma coleção de 8.000 discos, adquiridos nos últimos 30 anos. É tanto disco que não consegue guardar todos juntos, na kitchenette em que mora. Dois mil estão estocados na casa do pai. Ainda possui outros 2.000 CDs. "CD é mais prático, mas existe uma magia no sulco do vinil que o CD não consegue passar", afirma. Ele utiliza sua coleção no programa Likidificador, que faz na rádio Brasil 2.000 de segunda a sexta, das 22h às 2h. O cantor guarda algumas preciosidades em LP. Como o disco "Berlin", de Lou Reed, autografado pelo próprio. Ou a coleção completa dos Ramones e dos Stray Cats autografada. Bem como dezenas de discos piratas, vários dos Beatles e dos Rolling Stones. Mas o xodó é o álbum branco dos Beatles. Kid Vinil ainda compra LP, principalmente ingleses em edições limitadas para colecionador. "Gosto do trabalho gráfico da capa, da cor transparente de alguns LPs e de músicas inéditas que não estão no CD." Ele acaba de lançar um disco de seu novo grupo, Verminose. Mas em CD. "Saiu mais barato", se desculpa. O cantor Ed Motta é outro aficionado por LP. "A primeira coisa que faço quando chego em uma cidade é ir a um sebo para comprar vinil", diz ele, que tem 3.000 LPs. É um fanático capaz de pagar, em 88, US$ 300 pelo disco "Beck, Bogart e Apice, Live In Japan". "Infelizmente lançaram em CD", diz, como quem vê os 300 dólares jogados pela janela. Mas essa é apenas uma raridade. Ele possui coisas como um LP da Graham Bond Organization com o jazzista John McLaughin em início de carreira tocando blues. Apesar de gostar de CD, Motta continua comprando LP. "Existe muita coisa que não existe em CD e é bem mais barato", diz. Dono de um toca-discos alemão usado em estúdio, Motta acha que, em alguns casos, o som do LP fica igual ou melhor do que o do CD. Só é inflexível com reggae. "Fica ruim em CD, não compro nunca. Perde o timbre. Reggae não é digital". Texto Anterior: Brasil é maior comprador de LP no mundo Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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