São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 1995
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Antuérpia abusa da moda e de diamantes

ROBERVAL SCHINCARIOL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Antuérpia é uma cidade do orgulho, localizada num país mais orgulhoso ainda. Bonita e rica, ela se cobre de brilhantes e se veste com roupas chiques.
Dona de um dos maiores portos da Europa, sempre dominou a arte de tratar com forasteiros. Talvez seja por isso que, dizem, das quase 230 raças do mundo, cerca de 130 a escolheram como moradia.
A Bélgica, acreditam seus habitantes mais empolgados, é o único país do mundo que pode ser visto do espaço a qualquer hora do dia.
E não por causa de Antuérpia, capital mundial do diamante, mas devido às rodovias: todas elas, sem exceção, são iluminadas.

Capital cultural
Embora possam parecer exagerados, os belgas têm todos os motivos para se gabarem. Sempre respeitada por seu porto e pelo corte de pedras, Antuérpia sentiu o gostinho da fama há dois anos, quando carregou o título de "Capital Cultural da Europa".
Mas isso é pouco para ela. Afinal, nenhum lugar é o centro cultural de um continente, exatamente reconhecido por sua cultura, a troco de nada, mesmo que tenha sido a casa onde nasceu (Peter Paul) Rubens, seu filho favorito.
Faz uma década que os belgas chocaram o mundo com sua criatividade e qualidade, quando mostraram seus trabalhos na Semana de Moda Britânica.
Nomes como Dries van Noten, Dirk Bikkemberg, Ann Demeulemeester, entre outros, fizeram de Antuérpia um cenário que muitos consideravam rival de Paris.
Com uma surpresa a cada esquina, Antuérpia pode ser considerada o destino ideal: do tipo que sentar numa calçada para um simples cafezinho já valeu a visita.

O começo
Antuérpia começou na margem direita do rio Escalda. Seu centro, uma praça para onde convergem seis avenidas com os nomes dos países aliados da Segunda Guerra Mundial, é a alma da cidade. Ali, o visitante poderá eleger o Grote Markt como ponto de partida.
Construído no tradicional estilo flamengo, ele é uma praça comercial triangular. Nele se destaca a prefeitura, chamada de Stadhuis, construída entre 1561 e 1565.
Liderados por Cornelis Floris, vários arquitetos locais trabalharam na obra, que revela o mais autêntico espírito renascentista.
Ainda no Grote Markt, centenas de cafés e pâtisseries circundam o mercado, enchendo a cidade com uma atmosfera de feira.
Algumas ruas adiante, a catedral de Nossa Senhora impressiona pela beleza. Maior igreja em estilo gótico da Bélgica, a construção levou 170 anos para ser terminada (de 1352 a 1521), sendo que a segunda torre não foi concluída.
Antes de entrar no prédio, porém, gaste algum tempo em uma das ruas locais. Vários cafés oferecem pequenos concertos.
A caminho do leste, os apreciadores de Rubens poderão fazer a festa. Localizada próxima à Meir, uma avenida cheia de lugares da moda e lojas de departamentos, a Galeria de Arte da Casa de Rubens mostra toda a vida do pintor.
Cerca de 60% dos diamantes lapidados no mundo saem de Antuérpia. Um verdadeiro aparato foi montado no decorrer do tempo para mostrar a visitantes a arte que envolve o trabalho com as pedras.
O distrito do diamante também fica próximo à Meir, concentrado na área da Pelikaanstraat.

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