São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995 |
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Nossa Caixa diz que Banco Central dispensa republicação de balanço
MILTON GAMEZ
Segundo Gardenali, o diretor de Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, garantiu no final da tarde de ontem que o governo federal está satisfeito com as demonstrações contábeis da Nossa Caixa. A hipótese de republicação do balanço vem sendo comentada há semanas nos bastidores da intervenção federal no Banespa e ontem foi noticiada pelo jornal "Gazeta Mercantil". Os rumores dão conta de que os auditores regionais do BC recomendaram à diretoria de fiscalização, em Brasília, a republicação do balanço -desta vez, com prejuízo, em vez do lucro de R$ 37,7 milhões no primeiro semestre. Com o vazamento dessa polêmica, o governador Mário Covas falou por telefone na manhã de ontem com o diretor de Política Monetária, Alkimar Moura, que também teria negado os rumores. A controvérsia envolve a transferência de um lote de ações ordinárias da Cesp (recebidas como pagamento de dívidas do Estado de São Paulo) para a rubrica ativo permanente. Nessa rubrica, normalmente entram ativos que não podem ser convertidos em dinheiro imediatamente. Na ótica dos técnicos do BC, as ações da Cesp deveriam ser mantidas no chamado ativo circulante (sujeitos à imediata realização de caixa), pelo valor da cotação em Bolsa. Até dezembro de 1994, a Nossa Caixa mantinha no ativo circulante um lote de cerca de R$ 450 milhões (13% do capital da Cesp). No primeiro semestre, a instituição transferiu parte desse lote, cotado na época a R$ 97,6 milhões, para o ativo permanente. Com isso, as ações foram contabilizadas pelo seu valor patrimonial (cerca de R$ 159,4 milhões), e não pelo valor de mercado. A diferença, de R$ 61,8 milhões, será apropriada em 60 meses a partir de junho. Ao fazer a transferência, a Nossa Caixa diminuiu em R$ 23,6 milhões suas despesas de provisão contra a desvalorização das ações. A redução foi equivalente a 62% do lucro líquido. Segundo Gardenali, a transferência das ações da Cesp para o ativo permanente não foi casuística. Ao contrário, refletiu uma política de investimentos de longo prazo. Caso não tivesse sido feita, o lucro da Nossa Caixa teria sido de R$ 6,912 milhões, estimou Gardenali. Ele disse que pretende transferir gradualmente outros lotes de ações da estatal para o ativo permanente, para mantê-los em carteira por dois ou três anos e lucrar com a privatização do setor elétrico. Texto Anterior: Juro baixo atrai governadores e prefeitos Próximo Texto: Senador ameaça reduzir limite de comprometimento Índice |
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