São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vigia faz primeira esterilização gratuita hoje

DA REPORTAGEM LOCAL E DA FT; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As primeiras cirurgias de laqueadura e vasectomia feitas pela rede de hospitais municipais de São Paulo acontecem hoje, às 7h30, no hospital municipal do Jabaquara (zona sul).
Uma lei sancionada pelo prefeito Paulo Maluf na terça-feira obrigou os hospitais municipais a oferecerem gratuitamente as operações de esterilização.
O primeiro a realizar a cirurgia será o vigia Nelson Cordeiro, 26. Ele vai fazer a operação às 6h30 no Hospital do Jabaquara.
Cordeiro, que já tem cinco filhos, vive há nove anos com Maria Aparecida da Silva e ganha R$ 400,00 mensais. Ela não quis fazer laqueadura por medo de engordar. "Minhas duas irmãs fizeram e engordaram", disse.
Cordeiro diz que não vai se arrepender da operação, apesar de ser jovem. "Não quero mais filhos", afirmou.
A segunda paciente é Joana Souza Silva, 35, que trabalha no próprio Hospital do Jabaquara, onde ganha R$ 480,00 por mês. Joana é mães de quatro filhos A laqueadura é uma cirurgia na qual as trompas são amarradas e cortadas. Na vasectomia, os canais que levam o esperma dos testículos à uretra são bloqueados.
Quem quer operar devem procurar uma das Unidades Básicas de Saúde da prefeitura. A cirurgia será feita em um dos 14 hospitais municipais. Até ontem, já haviam se cadastrado 1503 pessoas -1.364 mulheres e 139 homens.

Congresso
O Senado aprovou ontem substitutivo do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) ao projeto de lei da Câmara que define os critérios das ações de planejamento familiar.
Como o texto da Câmara foi muito alterado, o projeto terá nova votação no Senado e, se as alterações forem confirmadas, voltará para a Câmara, para nova votação.
O substitutivo proíbe esterilização de mulheres no período de parto ou aborto. Permite esterilização voluntária só em pessoas com mais de 25 anos de idade ou com pelo menos dois filhos vivos.
O texto estabelece prazo mínimo de 60 dias entre o pedido e a cirurgia. O Estado, por meio do SUS, terá que assegurar o exercício do planejamento familiar.
Poderá haver propaganda com fim comercial das técnicas de concepção e contracepção, como uso de camisinha. O texto da Câmara proibia isso. Alcântara manteve o veto, mas emenda do senador Roberto Freire (PPS-PE), aprovada pelo plenário, derrubou-o.

Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Ibirapuera faz evento sábado
Próximo Texto: Donas-de-casa que acusam PMs prestam depoimento; Lavrador é acusado de canibalismo em Minas; Preso no Paraná inventor de trava antifurto; Médico é condenado por violência sexual; Helicóptero não serve mais a Castello Branco; Projeto permite uso de droga apreendida pela polícia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.