São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
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'Entre o Amor e Glória' traz arte do kung fu

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Quem for ver "Entre o Amor e a Glória" a seco -sem prévia explicação- pode se perder nos muitos meandros de sua trama.
Existe no filme de Ronny Yu, para começar, um jovem guerreiro (Leslie Cheung), salvo de um ataque de lobos por uma misteriosa mulher.
A mulher é, na verdade, a bruxa de cabelos brancos de uma história tradicional da literatura chinesa (e de onde o roteiro foi adaptado).
Ela e o guerreiro pertencem a clãs inimigos e se apaixonam. Está armado o conflito, ambientado numa China feudal.
Vale a pena se fixar em um momento da história, quando se afirma que "caligrafia é como luta de espadas: requer poder".
O poder deriva, portanto, da escrita e da espada. De artes que requerem precisão.
Em certo sentido, podemos ver esse conto fantástico como um kung fu e até esquecer um pouco sua trama.
Se a caligrafia é pouco solicitada, as espadas são brandidas com frequência.
Em troca, o diretor Ronny Yu tem a virtude de usar a escrita cinematográfica para produzir beleza. Cada plano é composto com o mesmo cuidado com que se combinam as cores.
Se não se percebe a intromissão do acaso numa história que ruma para o delirante, ao final fica a dúvida: estamos diante de um kung fu de arte? Fica sempre o temor de sucumbir a eventuais brilharecos.
Apesar dele, "Entre o Amor e a Glória" é um filme a levar em conta, e que demonstra a sofisticação e a diversidade da produção cinematográfica de Hong Kong.
(IA)

Filme: Entre o Amor e a Glória
Produção: Hong Kong
Direção: Ronny Yu
Elenco: Leslie Cheung, Brigitte Lin
Onde: hoje, às 20, no Cinearte; legendas em português

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