São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 1995
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'Cinema de Lágrimas' aborda melodrama

Nelson Pereira mostra filme mexicano

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Cinema de Lágrimas
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Elenco: Raul Cortez, André Barros, Christiane Torloni
Onde: Espaço Banco Nacional

"Cinema de Lágrimas" é a versão longa do episódio que Nelson Pereira fez para a série "O Século do Cinema", do British Film Institute.
Encarregado de abordar o cinema da América Latina, Nelson resolveu se concentrar quase exclusivamente no melodrama mexicano, e criou uma história de ficção para conduzir a apresentação desse cinema.
No longa-metragem (de 90 minutos), essa história se desenrola com mais vagar que no episódio da série (de 52 min.), feito para exibição na TV.
A história narrada é, ela mesma, um melodrama.
Rodrigo Ferreira (Raul Cortez) é um ator e diretor de teatro em crise. Atormentado por um pesadelo em que revê a imagem da mãe (Christiane Torloni) na noite de seu suicídio, ele resolve descobrir que melodrama ela viu no cinema antes de se matar.
Ao lado de um jovem pesquisador de cinema, Yves (André Barros), ele parte para a Cidade do México, para procurar tal filme na Cinemateca da Universidade Autônoma. É aí que entram em cena os trechos de 15 melodramas mexicanos e dois argentinos.
E é isso que "Cinema de Lágrimas" tem de melhor. São momentos significativos de filmes de diretores como Emílio Fernández, Roberto Gavalón e até Luis Bunuel. Imagens em preto-e-branco, quase sempre fotografadas pelo mestre Gabriel Figueroa.
Pena que, junto com a força desconcertante dessas imagens de suicídios, assassinatos, necrofilia e incesto, venha um discurso sociológico maçante sobre o significado do melodrama na cultura latino-americana.
Esses textos explicativos, extraídos do livro "Melodrama: o Cinema de Lágrimas da América Latina", de Silvia Oroz, são até interessantes, mas sua recitação é fora de propósito. Outro problema é que a relação amorosa entre Rodrigo e Yves, frágil fio condutor do filme que acaba desviando a atenção do que interessa: os melodramas.

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