São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
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Entre presidentes

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A "photo-op" dos três presidentes civis, todos sorridentes anteontem, não escondeu o conflito por muito tempo. Ontem lá estava Fernando Henrique voltando armas contra "o Congresso" -e atingindo o presidente do Congresso, o antecessor José Sarney.
O ex-presidente segue em guerra de resistência contra o atual, tomando por pretexto o Fundo Social de Emergência -que um e outro chamam agora simplesmente de fundo de emergência, mas não sem tropeçar na expressão ao engolir o "social" que nunca foi.
Para o atual presidente, o fundo "é essencial. Foi graças ao fundo... de emergência que nós conseguimos, no ano anterior, controlar a inflação. Nós só pudemos lançar o Plano Real depois que tivemos assegurada esta condição. Ora, agora que estamos com meio caminho andado, o Congresso não vai querer que o Brasil pare."
José Sarney ouviu e não demorou para responder. "Esta argumentação, de que se trata de algo contra o Plano Real, ela não é verdadeira." Quer dizer, algo como Fernando Henrique não falou a verdade.
O ex-presidente chegou até a tentar creditar um pouco da estabilização à sua própria atuação. "O Congresso tem votado dentro dos prazos mínimos a reforma", disse. "Graças a esta posição do Congresso, a área internacional passou a ter confiança no Brasil."
Denunciou vaidade, o que de certo modo reforça a mensagem implícita do presidente Fernando Henrique, na entrevista de ontem -a impressão de que "o Congresso" pode não estar tratando "o Real" com a necessária boa vontade.
Para quem acompanha Brasília pela televisão, "o Real" é Fernando Henrique. José Sarney, "o Congresso", talvez esteja com a mesma confusão nos olhos -somando à ambição.

Mais uma vez
O ministro Pedro Malan, que não vinha dando as caras, surgiu ontem, mas continua o mesmo. A exemplo de Bill Clinton, o ministro parece ter acumulado uma mágoa irreprimível da cobertura.
Ontem questionou "mais uma vez", como registrou a CBN, a excessiva atenção com a "fofoca", com os "boateiros". Uma piada no momento certo e sairia gargalhando, incontrolável, como Clinton.

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