São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
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BC sugere demissões para sanear Banespa

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banespa deverá voltar ao controle do governo do Estado, numa gestão compartilhada com o Banco Central, antes do final do ano. Com isso, o governo paulista tem grandes chances de afastar a privatização da instituição.
Mas o banco terá de sofrer uma profunda reestruturação. Para se tornar competitivo, o Banespa teria, por exemplo, de cortar 20% dos funcionários, reduzir custos com agências e postos de atendimento deficitários, além de se desfazer de patrimônio.
A avaliação consta de quatro relatórios concluídos no mês passado, que estão recebendo o aval da diretoria composta por técnicos do Banco Central. Segundo a Folha apurou, a intenção dos interventores é deixar para os próximos diretores uma radiografia que explicite os problemas do banco e recomende os "remédios".
Algumas medidas já estão sendo implementadas, mas tudo que significar cortes na carne -como a redução de 20% do pessoal e o fechamento de postos de atendimento- ficará para a fase de administração compartilhada, quando governo e BC definirão juntos os novos administradores.
Os relatórios, obtidos pela Folha, estão divididos nas seguintes áreas: patrimônio, recursos humanos, pontos-de-venda (agências e postos de atendimento) e administração geral.
Foram preparados por grupos de três a cinco componentes, coordenados por chefes de departamento, e agora estão sendo aprimorados em cada uma das áreas técnicas. Por isso, ainda não existe um documento final, apesar de o levantamento estar concluído.
Agora a fase é de acertar detalhes e verificar de que forma é possível implementar as mudanças. O objetivo é trazer o banco de volta ao mercado, para que dependa cada vez menos do setor público.
Na avaliação do grupo que estudou os pontos-de-venda, por exemplo, uma frase sintetiza a idéia de reestruturação: "Com a tendência de redução da presença do Estado na economia, sinaliza-se que, em futuro não muito distante, o Banespa sofrerá concorrência muito mais acirrada."
O governo do Estado é, ao mesmo tempo, o maior credor e o maior devedor do banco, movimentando 80% dos recursos. Se o Estado sair, o banco murcha. Este motivo é lembrado com frequência pelo governador Mário Covas (PSDB) para afastar a privatização.
Segundo a Folha apurou, entretanto, os interventores indicam que a sobrevivência do Banespa como instituição financeiramente saudável depende de profunda reestruturação, além de administração profissional.
Covas concorda com tudo isso. O governador costuma repetir que quer implementar um modelo de administração no Banespa que livre o banco da "rapinagem política" que instituições dessa natureza normalmente são alvo.

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