São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dengue coloca país em 'estado de atenção'

ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil passa por uma explosão no números de casos de dengue e malária (veja quadro acima).
Segundo a Opas (Organização Panamericana de Saúde), órgão da Organização Mundial de Saúde, a expansão da dengue nos países latino-americanos já é classificada como "estado de emergência".
Uma resolução desse organismo internacional diz que a doença representa "grave ameaça para a saúde pública e para o desenvolvimento econômico da região".
No Brasil, a doença está regredindo nos Estados do Nordeste, como o Ceará, mas avança em Estados do Sudeste. O Rio apresentou o maior índice de crescimento da doença.
Por sugestão do governo brasileiro, a Opas recomendou que todos os países latino-americanos discutam uma ação continental contra a dengue.
Em outros encontros da Opas em anos anteriores o Brasil já chegou a formular a proposta de combate conjunto à doença.
Desta vez surgiu um argumento novo em favor do plano continental: a doença atingiu o país mais rico das Américas -os Estados Unidos registraram neste ano o primeiro caso de dengue.
Os governos entenderam que um plano isolado de combate é ineficiente, uma vez que os mosquitos transmissores não respeitam fronteiras.

Estudantes
No Brasil, o governo pretende deflagrar a partir de outubro uma campanha contra a dengue. Ela vai envolver "milhões de pessoas", segundo o ministro da Saúde, Adib Jatene.
O Ministério da Saúde e da Educação fizeram um convênio e vão recrutar estudantes de escolas públicas para combater a dengue.
O combate à doença é simples e se resume basicamente a medidas de vigilância sanitária, em especial acabar com focos de água parada. É na água parada que procria o Aedes Aegypt, mosquito transmissor da dengue.
Os estudantes receberão treinamento especial de técnicos em vigilância sanitária e dos próprios professores.
O governo estuda a possibilidade de o combate à dengue ser incluído na lista de matérias obrigatórias de universidades e poderia valer até nota. Esses recrutas trabalharão orientando as pessoas de suas próprias famílias, visitando seus vizinhos e procurando focos de água parada.

Febre amarela
Uma outra doença que preocupa as autoridades sanitárias no Brasil é a febre amarela, que, aparentemente, está em declínio (veja quadro). O problema é que a febre amarela pode ser transmitida pelo mesmo mosquito que transmite a dengue. Como a dengue avança, a febre amarela pode recrudescer e, o que é pior, atingir as cidades.
Hoje, a febre amarela existe em sua forma silvestre, nas matas ou em áreas muito isoladas.
"Caso essa doença chegue às cidades as consequências seriam muito sérias", disse Jatene.
Além da consequência imediata, que é a contaminação das pessoas, existem outros problemas graves, como, por exemplo, a urbanização da febre amarela, que poderia obrigar todos os estrangeiros que chegassem ao Brasil a tomar a vacina.
O cólera, que chegou a fazer 60 mil vítimas (669 mortos) em 93, parece estar sendo controlado. Neste ano, foram registrados 3.660 casos pelo governo.
A tuberculose também vem apresentando queda constante. Dos 84 mil casos registrados em 91, passaram para 53 mil no ano passado. A mesma tendência de queda está sendo observada na doença de chagas, no tétano neonatal e na hanseníase -esta em escala menor.
O Brasil ainda é o segundo país do mundo em número de casos de hanseníase. O governo está pondo em prática um programa para acabar com a doença.

Texto Anterior: Santos de casa fazem milagre à consciência
Próximo Texto: CET libera hoje parte da Faria Lima
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.