São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
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Analistas temem efeito Argentina

DA REPORTAGEM LOCAL

Os analistas do mercado financeiro temem dois tipos de efeitos para a economia brasileira de uma eventual queda do ministro argentino Domingo Cavallo: 1) um surto de desconfiança dos investidores estrangeiros; 2) perda de competitividade dos produtos brasileiros na Argentina.
Para José Pena Garcia, economista do Banco de Boston, qualquer mudança na Argentina, que "fosse entendida como um risco ao plano de estabilização, provocaria um surto de desconfiança dos investidores estrangeiros".
A pergunta essencial seria a mesma de dezembro passado, quando eclodiu a crise mexicana, "o modelo de estabilização com âncora cambial, usado pelos países latinos, não estaria dando errado?"
Seria inevitável também, acredita Pena Garcia, que os investidores passassem a ver com preocupação a provável "próxima vítima", o Brasil.
O economista do Boston lembra que as reformas estruturais exigem um tempo de maturação. "Enquanto elas não produzem seus efeitos, o país precisa de ajuda, de um certo fluxo de capital estrangeiro."
Exatamente esse fluxo que poderia ser interrompido (ou reduzido) com uma eventual queda do ministro argentino.
O mercado associa a permanência de Cavallo à manutenção da paridade cambial (um peso vale um dólar), a chamada Lei da Conversibilidade.
Em caso de mudança na política cambial argentina, o produto daquele país ficaria imediatamente mais barato -e o brasileiro mais caro (já que o real vale mais do que o dólar).
Os acordos do Mercosul (que reúne além de Brasil e Argentina, Paraguai e Uruguai) garantiriam imediato acesso ao mercado brasileiro para os produtos argentinos. O setor mais afetado seria, estimam os analistas, o de alimentos.

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