São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Memorial homenageia o encenador argentino Victor Garcia com debate

DA REPORTAGEM LOCAL

A obra do diretor de teatro argentino Victor Garcia, que encenou dois espetáculos em São Paulo no final da década de 60, é tema de um debate programado para amanhã, às 19h, no Memorial da América Latina.
O evento é realizado em parceria com o 5º Festival Internacional de Artes Cênicas, da atriz Ruth Escobar, que foi também a produtora dos espetáculos de Victor Garcia nos anos 60, e com o Sesc de São Paulo.
As montagens do diretor argentino no Brasil foram "Cemitério de Automóveis", do espanhol Fernando Arrabal, em 1968, e "O Balcão", do francês Jean Genet, em 1969. Entre outros, ele dirigiu os atores brasileiros Raul Cortez, Sérgio Britto, Sérgio Mamberti e a própria Ruth Escobar.
Fora do país, Victor Garcia (1934-1982) encenou peças em Buenos Aires, Madri, Milão, Londres, Teerã, Irã, Tel Aviv e em Israel, com especial repercussão em Paris. Entre as peças, "As Criadas", também de Jean Genet, "Gilgamesh" e "Autos Sacramentais", baseado em Calderon de La Barca, também produzido para a companhia de Ruth Escobar, mas que não chegou a ser apresentado no Brasil.
Na opinião de Jefferson Del Rios, curador do projeto, o encenador argentino foi "um dos primeiros latino-americanos a ter um trabalho de repercussão internacional" e "um companheiro do radicalismo existencial e artístico de Artaud, Genet, Fassbinder e, de certa forma, Glauber Rocha".
Para Ruth Escobar, Garcia "era um bruxo, um gênio louco criador. Victor foi uma pessoa definitiva na minha história teatral. Não tinha condescendência, pedia sempre mais, até a exaustão".
O debate encerra uma semana de homenagens a Victor Garcia no Memorial, com exposição de fotos e apresentação de vídeos e filmes, inclusive com a estréia de "Jouez Encore, Payez Encore", sobre a turnê da Cia. Ruth Escobar ao Irã, com "Autos Sacramentais".
Em uma das frases selecionadas para a exposição, de escritos do encenador argentino, ele diz que "o essencial é encontrar uma arquitetura. Não gosto de falar em termos tradicionais: o lado do pátio, o lado do jardim etc. Prefiro pensar em linhas horizontais ou diagonais, lado norte, sul. Creio ter conseguido dominar o espaço e posso oferecer, em um segundo, uma visão caleidoscópica".

Debate: Victor Garcia, Criador e Personagem de Si Mesmo
Quando: domingo, às 19h
Onde: Memorial da América Latina (av. Mario de Andrade, 664, Barra Funda, tel. 823-9611)

Texto Anterior: Crônica de Lupicínio resgata era da boemia
Próximo Texto: Governo cria financiamento especial para o cinema brasileiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.