São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995 |
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'Sem-praia' têm casas de veraneio em represa
GEORGE ALONSO
Pelo menos 74 famílias possuem sofisticadas casas de veraneio à beira da represa da usina de Taquaruçu, em área da empresa. Eles são "os sem-praia". A Cesp informou que está notificando os donos das casas de que entrou com ações de reivindicação de posse das áreas. Parte do loteamento clandestino localizado nas terras da represa está situado na cidade de Jardim Olinda, norte do Paraná, e é conhecido por "Paraná City". As casas serão demolidas, segundo o presidente da empresa, Andrea Matarazzo, sem indenização. "Estão em área de risco de inundação e, se acontecer alguma tragédia, quem teria de pagar ainda é a Cesp. O que é um absurdo", disse Matarazzo. José Rainha havia, em reunião em São Paulo há 15 dias, questionado se o governo iria dar aos "invasores vips" o mesmo tratamento que dá aos sem-terra, em geral expulsos pela Polícia Militar. O governador Mário Covas (PSDB) decidiu retirar os "sem-praia". O relatório sobre a invasão, elaborado por técnicos da Cesp (que também produziram um vídeo), chega a ser irônico ao comentar o assunto. "As benfeitorias feitas pelos esbulhadores impressionam pelo alto padrão, com casas de até 400 metros quadrados de área construída, com piscinas e garagens para embarcações", afirma o relatório da empresa. Os "esbulhadores", diz o texto da Cesp, "são pessoas de bom nível social e cultural". A invasão dos "sem-praia" (fazendeiros, empresários e profissionais liberais) começou nos anos 80, com a omissão ou conivência da própria Cesp. A hidrelétrica, no rio Paranapanema, começou a ser erguida em 1982. Texto Anterior: Justiça pode tirar terras de fazendeiros Próximo Texto: Advogado diz que sem-terra ameaçam empregados Índice |
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