São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Advogado diz que sem-terra ameaçam empregados

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOROCABA

O advogado Coraldino Sanches Vendramini, 29, disse ontem que os sem-terra estão ameaçando as quatro famílias de funcionários da fazenda São Domingos, em Sandovalina (640 km a oeste de São Paulo), com intenção de forçá-las a abandonar a área. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nega a ameaça.
A fazenda foi invadida pela terceira vez anteontem por cerca de 2.000 pessoas, segundo o MST. O grupo ocupou também seis barracões da hidrelétrica de Taquaruçu, pertencente à Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
"Eles (os empregados da fazenda) estão com medo porque os sem-terra ameaçaram invadir as casas hoje (ontem) à noite", afirmou Vendramini, advogado da família Paes, proprietária da área.
Segundo ele, os sem-terra derrubaram as cercas e um curral da fazenda, dispersando os 800 bois que estavam na propriedade.
A pedido do advogado, a Polícia Militar de Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo) enviou ontem nove homens à fazenda. O objetivo, segundo Vendramini, é "impedir alguma barbárie" contra os empregados.
O MST nega que os sem-terra estejam ameaçando funcionários da fazenda São Domingos. "Jamais um trabalhador ameaça outro trabalhador", disse Carlos Rainha, 19, irmão de José Rainha Júnior, líder do movimento na região do Pontal do Paranapanema. "Esse medo, se existe, é psicológico."
Carlos Rainha negou também que os sem-terra planejem ocupar as casas da sede da fazenda. Confirmou apenas que o grupo derrubou as cercas da propriedade.
Vendramini anunciou que entrará hoje na Justiça com pedido de reintegração de posse da área.

Paulicéia
Os cerca de 400 sem-terra que ocuparam anteontem a fazenda Santo Antônio, em Paulicéia (685 km a noroeste de São Paulo), começaram ontem a preparar a terra para o plantio de milho e mandioca.

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