São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Deficiente não é respeitado

MARCELO RUBENS PAIVA
COLUNISTA DA FOLHA

Não vou tomar seu tempo. Para a sua informação, a cidade de São Paulo é das menos acessíveis para os portadores de deficiência.
A videolocadora 2001 se instala na avenida Sumaré; na sua entrada, uma baita escada. As lojas da Pizza Hut que, nos EUA, são todas adaptadas, aqui não. Na reforma do Shopping Iguatemi, escadas por todas as partes.
Recentemente, o Cinearte passou por uma reforma. Previram acesso aos deficientes (tem até banheiro adaptado), mas para ir à sala 1, tive de passar pela sala 2. Tive de esperar a sessão da sala 2 acabar para ir embora, e ainda ouvi do funcionário: "Na próxima vez, você já sabe...."
Sei o quê, terei de programar a ida ao cinema de olho no horário da outra sala? Não tenho um decreto em mãos para mandar o funcionário às favas. Apesar de a Constituição garantir o acesso a lugares públicos aos deficientes, não existem leis específicas que regulamentem o artigo.
Eu, junto com mais de 700 mil deficientes de São Paulo, somos indivíduos pela metade que vivem à custa da boa vontade alheia. Nos jogam no anonimato. 10% dos paulistanos não são cidadãos. Somos a escória.

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