São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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EFEITO TEQUILA

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Mercosul chegou ao rock alternativo brasileiro. Uma nova mania assola as bandas: cantar em espanhol ou em bom "portunhol".
Algumas fazem isso por brincadeira, mas outras não escondem que estão com os olhos no mercado latino.
O "efeito tequila" pode ser comparado ao "efeito Sepultura", quando várias bandas começaram a cantar em inglês inspiradas no sucesso da banda no exterior.
O fomentador agora é outro: o Paralamas do Sucesso, que tem uma bem sucedida carreira no mercado latino.
A banda mineira Punta é uma das que se inspiraram no sucesso dos meninos do Paralamas.
Seu vocalista, o argentino Charles Oscar, 21, canta só em seu idioma natal. Todos os outros integrantes da banda são brasileiros.
Charles conta que quer conquistar o mercado latino, e já está se armando para isso: "temos contato com várias bandas argentinas e vamos gravar um clipe e mandar simultaneamente para a MTV brasileira e a MTV Latina".
O gaúcho Ney Vanssória, 26, já está fazendo o seu "Mercosul alternativo". Ele faz shows na Argentina e pretende lançar seu próximo disco no país.
Segundo ele, sua opção em investir no mercado latino é geográfica. "A Argentina fica mais perto que Rio e São Paulo, além disso, temos uma identidade cultural muito forte com os países da América Latina", diz.
Nem todos encaram a mistura entre português e espanhol com tanta seriedade. Para alguns, cantar em portunhol é puro deboche.
É o caso da banda paulista Las Ticas Tienem Fuego (o nome é assim mesmo). Seu vocalista, Caíto, 26, explica: "nós falamos errado de propósito. Botar uma palavra em espanhol no meio da música dá uma charmezinho", diz.
Segundo ele, a banda pode ser definida como "cínica, cafona e cafajeste".
A banda carioca Acabou la Tequila é menos radical, mas também não pensa em investir no mercado latino.
"Nós gostamos muito de músicas latinas, elas influenciam o nosso som", diz Kamal Kassim, 21, guitarrista do grupo. É por isso que, em alguns músicas, eles "tentam" cantar em espanhol. "Como não sabemos falar a língua, sai em portunhol mesmo."
A mistura entre o rock e os ritmos latinos está presente também na banda Camujangos. "Assim como é legal misturar rock com samba, também é legal misturar com salsa, que também é um ritmo nosso", diz Marco Homobono, 22, vocalista.

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