São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 1995
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Tequila-vodca-vinho-bourbon

A sucessão de turbulências financeiras da semana passada não poupou nem sequer uma região do mundo. Desta vez não se tratou de "contágio", como no final de 1994, quando do México veio o "efeito tequila". Simplesmente surgiram problemas por todos os lados.
Nos Estados Unidos, a tensão entre o presidente Clinton e a maioria republicana no Congresso cresceu ainda mais. Mas a turbulência nos EUA não é só política. O crescimento econômico acima do esperado diminuiu as chances de redução dos juros. E juros altos são veneno para países como México, Argentina e Brasil, que dependem dos mercados de capitais globais.
Na Europa houve crises políticas na Itália e na Espanha e declarações pouco amistosas dos alemães nas últimas semanas, compondo um quadro de dificuldades no processo de unificação. Para completar, o presidente russo foi hospitalizado, levando turbulência a vários mercados (como o do petróleo).
Na Ásia, houve rumores de agravamento da crise bancária japonesa e recrudescimento do conflito comercial entre a China e os EUA.
Na América Latina o peso mexicano voltou a tremer, continuou a boataria de queda do ministro Cavallo, e os mercados brasileiros repercutiram com nervosismo os rumores de fragilidade bancária.
Qualquer observador ou agente nesses mercados certamente terá saído dessa voragem como se houvesse entornado um indigesto coquetel no qual tequila, vodca, vinho, bourbon (e cachaça) tivessem sido inadvertidamente misturados.

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