São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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Proprietários rurais pedem 'lista negra'

DA REPORTAGEM LOCAL

As entidades que representam os proprietários rurais no país pediram ao governo federal que faça uma "lista negra" com o nome de todos os invasores de terra.
Essas pessoas, segundo proposta encaminhada ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), não poderiam ser beneficiadas com a política de reforma agrária.
A idéia foi apresentada ontem ao presidente do Incra, Francisco Graziano Neto, que participou de uma reunião e de um almoço ontem promovido pela Sociedade Rural Brasileira.
A proposta foi apresentada pelo presidente da entidade, Roberto Rodrigues. A idéia, segundo o líder rural, é mostrar que "o crime não compensa".
Graziano prometeu avaliar a idéia. Mas avisou que a prioridade é tentar assentar cerca de 25 mil famílias de sem-terra que estão acampadas no país.
O presidente do Incra pediu a colaboração dos fazendeiros nesse sentido. "Quero a solidariedade para resolver este problema social", disse Graziano durante o almoço com os líderes rurais.
Segundo Roberto Rodrigues, a Sociedade Rural Brasileira é favorável à reforma agrária, mas com uma condição: desde que não toque nas terras produtivas.
O empresário Pedro Camargo Neto, também dirigente da entidade, funcionou como porta-voz dos fazendeiros durante entrevista coletiva. "Não entendemos a necessidade das invasões, pois o governo federal está disposto ao diálogo e às negociações", disse.
Para o empresário, o encontro de ontem serviu para destacar a questão da "intocabilididade" das terras produtivas do país.
Durante o encontro de ontem, enquanto Graziano pedia solidariedade dos produtores, muitos fazendeiros comentavam que já haviam dado, nos últimos anos, as suas cotas de sacrifício.
"Muitos de nós, principalmente os pequenos produtores rurais, já se transformaram também em sem-terra", disse o ex-deputado federal Roberto Cardoso Alves, um dos 50 convidados para o almoço com o presidente do Incra.
Robertão, como ficou conhecido o ex-parlamentar, possui 1.080 hectares na região do Pontal de Paranapanema e tem procurado funcionar como uma espécie de interlocutor entre os atuais parlamentares e os produtores rurais.
O almoço aconteceu no Automóvel Clube de São Paulo, no mesmo prédio da Sociedade Rural Brasileira.

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