São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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Chilavert faz crítica à mídia

DENISE CHRISPIM MARIN

O paraguaio José Luis Chilavert, 30, tornou-se o goleiro de maior prestígio do futebol argentino mesmo sendo "persona non grata" da imprensa local.
Jornais e revistas e esforçam para omitir seu nome. Ele, por sua vez, se nega a dar entrevistas a argentinos.
"A imprensa esportiva daqui usa os jogadores em proveito próprio", diz Chilavert. "Muitos jogadores pagam pelas entrevistas."
Há um mês, ele foi eleito o melhor goleiro da atualidade pela Federação Internacional de História Estatística do Futebol, da Alemanha.
A revista inglesa "World Soccer" incluiu o goleiro -que quer ser presidente do Paraguai- entre os 14 melhores jogadores do mundo.

Folha - Quem é melhor: Pelé ou Maradona?
Chilavert - Acho que não se pode comparar. Pelé jogava em outra época e tinha grandes jogadores ao lado. Maradona está tentando voltar. Não está em seu bom nível. Seu retorno é um negócio não só para o Boca, como para a televisão, as revistas, os jornais.
Folha - Você teme transformar-se também em um negócio?
Chilavert - Não. Tudo o que ganhei foi por meu sacrifício. Nunca precisei do jornalismo para nada. Se cheguei a um nível alto, foi por mérito próprio.
Muitos jogadores pagam aos jornalistas para que façam entrevistas com eles. A imprensa esportiva daqui utiliza os jogadores em proveito próprio.
Folha - Você mesmo administra sua carreira?
Chilavert - Sim. Eu não tenho empresário, brigo por meus contratos. Os empresários são úteis quando os jogadores não são inteligentes.
Folha - Qual é o seu projeto profissional?
Chilavert - Classificar-me para o Mundial da França. Também tenho propostas para jogar na Inglaterra, no Japão e nos EUA.
Folha - Você já recebeu propostas do Brasil?
Chilavert - Sim. Há quatro meses, falei com a direção do Flamengo, mas não chegamos a um acordo na parte econômica.
Folha - Não está em seus projetos candidatar-se à Presidência do Paraguai?
Chilavert - Eu quero jogar até os 42 anos. Depois, gostaria muito de ajudar os pobres do meu país.
Estudei guarani durante seis anos e sei me comunicar com o povo. Mas, para fazer política, é preciso saber mentir. Eu não sei. Duraria um segundo no poder.
O Paraguai poderia ser um país-modelo, com educação, assistência social e reforma agrária.

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