São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amilcar de Castro mostra suas 'esculturas virtuais'

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA

Exposição: Desenhos
Artista: Amilcar de Castro
Onde: Gabinete 144 (r. Adolfo Tabacow, 144, tel. 011/820-0148)
Quando: até 25 de nov, das 9h às 20h (seg. a sex.) e das 11h às 14h (sáb.)

As 16 telas de Amilcar de Castro expostas na galeria Gabinete 144, em São Paulo, são iguais ou diferentes de seus outros desenhos? Nem uma coisa nem outra, responde mineiramente o artista.
"São uma nova maneira de ver as mesmas coisas", diz Amilcar de Castro, 75, em entrevista por telefone à Folha.
Ele se recupera de uma cirurgia cardíaca, em sua casa em Belo Horizonte (MG), e só deve retornar ao trabalho na próxima semana. Mesmo sem poder desenhar com seus pincéis ou trabalhar as chapas de ferro, mentalmente faz planos para suas próximas obras.
"Nunca estou parado, estou sempre fazendo duas ou três coisas". Desconversa, porém, quando se refere a planos futuros.
Uma característica fundamental de seu trabalho é a coerência entre as diferentes obras, mesmo quando seus desenhos e esculturas são colocados lado a lado. "É tudo a mesma coisa, muitos desenhos meus já viraram escultura".
Na exposição, ele continua fazendo, por meio do desenho, esculturas virtuais. É o que mostra, por exemplo, o grande quadro afixado no salão da galeria, que foi pintado com linhas rajadas em que a tinta parece se esgotar sozinha no contato com a tela.
Amilcar diz, porém, que preferiu tirar as linhas rajadas e deixar linhas cheias na maioria dos quadros. Além disso, usou também cor nas telas, "como uma espécie de marcação, chamando a atenção para um determinado espaço".
Amilcar de Castro está sempre descobrindo a diversidade na igualdade. Em um texto de 1980, um manifesto de sua obra, ele escreveu: "Logo no primeiro traço, dois espaços e um define o outro no mesmo instante em que a linha passa na decisão de caminho".
Quinze anos depois, ele diz que ainda tem novos caminhos a descobrir. "Continuo a fazer outras relações, tudo corre, tudo anda."
Mesmo com o quadro terminado, ainda há descobertas. "Os desenhos não têm base, podem ser pendurados como se quiser, às vezes descubro que uma tela é melhor de cabeça para baixo."

Texto Anterior: Mostra evidencia preocupação com mercado
Próximo Texto: Mostra de gravuras em Curitiba faz homenagem a Oswaldo Goeldi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.