São Paulo, quarta-feira, 1 de novembro de 1995
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Acampados mantêm rotina

DA AGÊNCIA FOLHA

As prisões de Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto e a fuga de José Rainha Jr. e Laércio Barbosa não mudaram ontem a rotina das mais de 450 famílias acampadas na rodovia que liga Sandovalina a Teodoro Sampaio.
Mesmo sem poder contar com suas principais lideranças, a rotina de verificação de presença das pessoas nos grupos em que estão divididos foi mantida, assim como o trabalho, também em grupos, nas terras da fazenda São Domingos, ocupada pelos sem-terra.
No MST, não há um líder nomeado, mas Rainha e Diolinda vinham desempenhando os papéis de coordenadores das invasões no Pontal do Paranapanema.
Na ausência dos principais coordenadores do movimento na região, pode-se verificar, durante a assembléia de ontem, que os acampados vão ser comandados por Felinto Procópio, o "Mineirinho", e José Eduardo Gomes de Moraes, o "Corneteiro". Ambos foram responsáveis pela direção das discussões.
Procópio integra a direção nacional do MST e está na região desde o mês passado, quando os sem-terra invadiram áreas pertencentes à Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
Segundo ele, o movimento não se preocupa "em ter ou não líderes, mas sim em se manter unido pela conquista de terra e libertação dos companheiros".
Com o status de dirigente nacional dos trabalhadores rurais, "Mineirinho tem como uma de suas responsabilidades tentar articular o movimento dos invasores com outros setores da sociedade civil no Pontal do Paranapanema.
Coube a ele, por exemplo, convocar outras organizações para se integrar a caminhada prevista para hoje para protestar contra a decretação da prisão de Diolinda, Rainha, Barreto e Barbosa.
Moraes trabalha mais na organização interna do acampamento. Com uma corneta utilizada para chamar os grupos para verificação de presença -que lhe valeu o apelido-, ele é o responsável para controlar a distribuição de tarefas entre os sem-terra.
Segundo "Corneteiro, dentro do acampamento todos são líderes, pois cada um tem que fazer sua tarefa bem, pensando no coletivo. "Só assim conseguiremos alcançar essa reforma agrária", declarou.

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