São Paulo, quarta-feira, 1 de novembro de 1995
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MST vai promover caminhada de protesto

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, NO PONTAL DO PARANAPANEMA

Os sem-terra acampados na rodovia que liga Sandovalina a Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo) decidiram organizar uma passeata, hoje pela manhã, em protesto contra a prisão de Diolinda Alves de Souza e Márcio Barreto e a decretação da prisão de José Rainha Jr. e Laércio Barbosa.
Líderes do MST no Pontal do Paranapanema, os quatro tiveram suas prisões preventivas decretadas na sexta-feira pelo juiz Darci Lopes Beraldo, de Pirapozinho. Diolinda e Barreto foram presos anteontem. Rainha e Barbosa permaneciam foragidos até o fechamento desta edição.
A passeata foi decidida em assembléia no acampamento na tarde de ontem. O coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro, e o advogado Luis Eduardo Greenhalgh participaram da reunião.
Mauro disse que a detenção dos sem-terra foi um ato político, "ficando claro que as prisões são políticas". Afirmou ainda que o Judiciário fica "sentado sobre os processos de desapropriação, não decidindo nunca pela imissão de posse de áreas devolutas".
Segundo ele, no entanto, a Justiça "mostra rara agilidade para determinar prisões políticas, como no caso dos companheiros".
Mauro disse que o MST na região estava mobilizando a população de Teodoro Sampaio para que a "manifestação mostre claramente que os sem-terra não são quadrilheiros, como quer fazer acreditar o juiz Beraldo".
O líder dos sem-terra afirmou que o movimento está "protegendo" Rainha e Barbosa. Mauro apenas sorriu quando a Agência Folha questionou se os dois foragidos ainda estão na região do Pontal do Paranapanema.
A passeata está prevista para sair do acampamento às 8h de hoje. A previsão é de que os cerca de 20 quilômetros que separam o acampamento da cidade de Teodoro Sampaio sejam vencidos até as 12h de hoje.
Na cidade, a expectativa dos sem-terra é que a manifestação seja apoiada por estudantes secundaristas e por entidades civis de Teodoro Sampaio. Gilmar Mauro disse que o MST espera levar 3.000 pessoas "nessa caminhada pela reforma agrária e relaxamento das prisões políticas".

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