São Paulo, quarta-feira, 1 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Secretário da Justiça teme violência no Pontal

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Justiça do governo paulista, Belisário dos Santos Júnior, teme pelo "acirramento da violência" no Pontal do Paranapanema, após as prisões de lideranças do MST naquela região.
"Além das prisões, temos como fatores complicadores a existência de fazendeiros se armando e trabalhadores desrespeitando decisões da Justiça", afirmou Belisário durante encontro com lideranças do MST, ontem em São Paulo.
Para o secretário, o uso de algemas em Diolinda Alves de Souza foi desnecessário. "Acho que eles (sem-terra) erraram quando insistiram que não acatariam a decisão do juiz, mas eles não são bandidos", afirmou Belisário.
Os representantes do MST pediram que o secretário da Justiça interferisse pela libertação dos presos do movimento. Belisário afirmou que não poderia. "O Poder Judiciário é independente, e os trabalhadores sabem que o Executivo não pediu as prisões", afirmou.
Delwek Matheus, do MST, não aceitou a recusa de Belisário. "O Executivo tem como intervir e nós vamos pressionar a Justiça", disse Matheus.
O representante dos sem-terra criticou principalmente o uso de algemas em Diolinda. "Ela é uma trabalhadora, mãe de uma criança de dois anos e não pode ser tratada como bandida", declarou.
A radicalização do movimento é possível, afirmou Matheus. "Nós vamos continuar ocupando as terras devolutas", disse.
A disposição de não recuar também foi manifestada por Valmir Rodrigues Chaves, outro representante do MST do Pontal do Paranapanema na reunião com o secretário de Justiça.
"As prisões dos companheiros só aumenta o problema, mas essa injustiça não vai intimidar a gente", afirmou Chaves.
Segundo Chaves, Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, está no Pontal com uma missão específica. "Ele vai reorganizar as ocupações", afirmou Chaves.

Texto Anterior: Evangélicos pedem a FHC que contenha invasões
Próximo Texto: Governo prevê mais agricultores contestando dívida
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.