São Paulo, quarta-feira, 1 de novembro de 1995
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Governo paulista negocia venda do aeroporto de Congonhas à Infraero

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 13/12/95
A Infraero, empresa estatal federal especializada no desenvolvimento e na administração de aeroportos, está negociando com o governo paulista a compra do aeroporto de Congonhas.
O valor seria de R$ 1,1 bilhão, segundo o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), que conversou sobre o assunto com o governador Mário Covas (PSDB). Segundo a assessoria de imprensa de Covas, ainda não existe um número fechado.
O presidente da Infraero, Adyr da Silva, também confirmou as negociações por meio de sua assessoria. Segundo Silva, as negociações estão sendo entabuladas há cerca de três meses, mas o valor final ainda não foi acertado.
Considerando o valor de mercado do imóvel, localizado na zona sul de São Paulo, a avaliação inicial do governo paulista ficava em torno de R$ 1 bilhão. Mas o negócio pode ser fechado por menos.
A Infraero informa que para firmar o negócio é preciso fechar um encontro de contas com o governo paulista. Desde que assumiu o controle do aeroporto, em 1977, a empresa alega ter feito obras e melhorias que agora devem ser descontadas do valor do imóvel.
Para o governo do Estado, entretanto, o aeroporto rende muito pouco aos cofres públicos, já que a taxa paga pela Infraero para utilizar o imóvel seria irrisória. Por isso se está negociando o acerto de débitos e créditos.
A possibilidade de o governo estadual vender o aeroporto de Congonhas se tornou pública em agosto. Foi quando Covas anunciou sua proposta de pagar parte dos R$ 13 bilhões que o Estado deve ao Banespa por meio da venda de patrimônio.
Mas naquela época, as negociações com a Infraero já haviam começado. O Ministério da Aeronáutica, ao qual a estatal está vinculada, chegou a questionar a propriedade de Congonhas pelo Estado de São Paulo, mas a questão já foi superada, segundo os dois lados.
Congonhas está entre os cerca de 2.000 imóveis passíveis de serem vendidos e que poderiam render R$ 4,5 bilhões, segundo cálculos do governo.
Bom negócio
Para a Infraero interessa manter Congonhas sob seu controle. Segundo a estatal, Congonhas é um dos aeroportos mais rentáveis que a empresa administra.
A Infraero informa que em julho, por exemplo, Congonhas bateu recorde nacional de movimentação de aeronaves com 13.391 operações de pouso e decolagem. O aeroporto opera a ponte aérea para o Rio de Janeiro, jatos, táxis-aéreos e vôos executivos.
Isso lhe garantiu mais movimento do que o aeroporto internacional de Guarulhos, também na capital paulista. Guarulhos é o campeão em movimento de passageiros -35 mil pessoas embarcam e desembarcam em Guarulhos, em média, diariamente- e de carga.
O Brasil tem mais de 200 aeroportos. A Infraero opera 62 deles, responsáveis por 97% do movimento. Poucos aeroportos são privados no país, como Búzios (RJ), por exemplo. No interior de São Paulo existem alguns aeroportos operados pelo Departamento Aeroviário do Estado, como Marília e Ribeirão Preto. Covas tem plano de privatizá-los.

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