São Paulo, quarta-feira, 1 de novembro de 1995
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Separatista do Québec promete nova campanha

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um dos principais líderes separatistas do Québec, Jacques Parizeau, anunciou ontem que ele e seus aliados vão "arregaçar as mangas e começar tudo de novo" para tentar separar sua Província do Canadá.
Os federalistas venceram o plebiscito de anteontem por uma diferença de cerca de 50 mil votos num total de 4,67 milhões. O "não" à separação teve 50,56% dos votos, e o "sim", 49,44%.
O primeiro-ministro do Canadá, Jean Chrétien, que é do Québec, mas defendeu a união nacional, prometeu realizar mudanças na Constituição para apaziguar os ânimos entre os separatistas.
Parizeau, que é o primeiro-ministro da Província, atribuiu sua derrota à "união entre os grandes capitalistas e os imigrantes". Seu discurso foi condenado como "incendiário" por entidades de defesa dos direitos civis.
Entre os descendentes de franceses do Québec, que são 82% da população do Québec, o "sim" teve cerca de 60% dos votos. Entre os descendentes de ingleses e os imigrantes, o "não" teve cerca de 95% dos votos.
Os críticos do discurso de Parizeau acham que ele pode dar início a um movimento de rejeição aos imigrantes entre os descendentes de franceses, similar aos que existem na França.
O maciço comparecimento às urnas anteontem (93,2% dos eleitores registrados) é um forte indício de como o assunto da secessão mobiliza os habitantes do Québec, a maior Província do Canadá.
Pela Constituição do Québec, um tema só pode ser votado em plebiscito uma vez em cada legislatura. Nesse caso, só em outubro de 1999 a secessão poderia ser votada outra vez.
Mas os ânimos dos separatistas estão acirrados de tal forma que não é impossível que o Parlamento do Québec resolva mudar a Constituição provincial para apressar um novo plebiscito sobre o tema.
Os mercados financeiros reagiram com alívio aos resultados do plebiscito de anteontem. Grande número de negócios de compra de ações de empresas sediadas no Canadá foram realizados ontem, após dias de contínuas vendas.
O valor do dólar canadense, que vinha despencando desde a divulgação das primeiras pesquisas de intenção de voto que mostravam os separatistas em vantagem, ontem voltou a subir.
O Departamento de Estado dos EUA enviou mensagem oficial ao governo do Canadá para manifestar sua satisfação com a vitória do "não " e afirmar que "é absolutamente crítico" para os EUA um Canadá unido.
O premiê Jean Chrétien telefonou para Bill Clinton anteontem para lhe comunicar os resultados do plebiscito. Clinton já havia manifestado em público seu interesse pela vitória dos federalistas.

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